terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Red Cocaine - Capítulo 4 - Khrushchev Instrui os Países Satélites

Por favor, avisem-me caso encontrem qualquer erro de tradução ou de português.

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Red Cocaine - Capítulo 4 - Khrushchev Instrui os Países Satélite


Em 1962, Khrushchev formalmente entendeu as operações Soviéticas com narcóticos para os satélites do Leste Europeu. Os líderes estratégicos (Alto Escalão do Secretariado, Primeiros Ministros, Ministros de Defesa, Chefes de Gabinete e assistente especiais) dos principais satélites foram convocados para participar de uma reunião secreta em Moscou para discutir a recessão econômica das economias socialistas. Romênia, Albânia e a Iugoslávia não se apresentaram. Sejna era um dos oficiais que estavam presentes. Os oficiais Soviéticos do mais alto nível hierárquico participaram da reunião incluindo o Nikita Khrushchev, Leonid Brezhnev, Mikhail Suslov e Andrei Kirilenko. Foi nesta reunião que Khrushchev formalmente apresentou a estratégia Soviética: “Mao Tse-tung e os Chineses são muito espertos”, ele começou, se referindo aos negócios com as drogas, “eles são muito criativos e muito eficientes também. Porque devemos deixar os Chineses trabalharem sozinhos neste mercado mundial”, ele perguntou, e rapidamente respondeu a sua própria pergunta; “Os Chineses são bons, mas o serviço de inteligência do Bloco Soviético possui um nível de organização muito maior e deve se mover o mais rápido possível para usar tanto as drogas como os narcóticos tanto para rachar a sociedade capitalista como para financiar as atividades revolucionárias”.


Khrushchev então começou uma discussão dos vários benefícios que podiam derivar deste negócio. Proveria uma ótima renda e ainda poderia servir como fonte para o muito-desejado câmbio financeiro para financiar as operações de inteligência. Além disso, serviria para sabotar tanto a saúde como a moral dos trabalhadores Americanos. Como pessoas viciadas em drogas não são confiáveis em crises e emergências, todo esse negócio com as drogas “enfraqueceria o fator humano numa situação de defesa”.

Khrushchev também levou em consideração o impacto na educação no longo prazo. As escolas Americanas sempre eram um dos alvos de mais alta prioridade, porque eram nestes lugares que os futuros líderes na burguesia poderiam ser encontrados. Um outro alvo de maior importância para o Khrushchev era a ética trabalhista dos Americanos. Assim como o orgulho e a lealdade, todos estes seriam sabotados pelo uso das drogas. Finalmente, as drogas e os narcóticos levariam a uma queda na influência da religião e, ele adicionou, poderia até mesmo criar o caos.

“Quando nós discutimos esta estratégia”, Khrushchev conclui, “alguns ficaram preocupados que essa operação poderia ser considerada imoral. Porém devemos declarar categoricamente”, ele enfatizou, “tudo aquilo que acelerar a destruição do capitalismo é moral”[1].

Somente algumas poucas perguntas foram feitas pelos presentes durante a reunião. Janos Kadar, o Primeiro Secretário da Hungria, expressou sua preocupação que as operações com as drogas não deveria interferir no progresso conseguido durante a coexistência pacífica. Ele estava se referindo a assistência econômica e tecnológica que começou a fluir do Oeste. Após isso, ele sugeriu que os países do Terceiro Mundo que não eram tidos como suspeitos pelos Estados Unidos fossem utilizados para pôr a operação em prática.

Essa tática, na verdade, já estava sendo utilizada para manter uma distância segura entre os países do Bloco Soviético e de fato os que estavam trabalhando nas operações com narcóticos. Por toda a América Latina, por exemplo, enquanto agentes da inteligência do Bloco Soviético exerciam um certo controle e davam as direções de maneiras gerais, as pessoas nativas destes países estavam pegando no pesado de fato das operações. Está técnica também pode ser vista sendo utilizada em respeito as operações do Bloco Soviético quanto a Europa Ocidental. Por exemplo, a Agência Americana Contra Drogas preparou um relatório sobre o papel da Bulgária no tráfico internacional de drogas num Congresso em 1984. Várias fontes, todas consistentes, foram referenciadas no relatório, que cobria as operações entre 1970 e 1984.

Uma das organizações que foram destacadas neste relatório foi a KINTEX, uma firma Búlgara de importação e exportação que foi fundada em 1968. KINTEX foi gerenciada pela polícia secreta Búlgara e agia “sobre ordens secretas de Moscou”. KINTEX foi estabelecida, segundos as fontes do relatório, principalmente para prover um mecanismo para utilizar estrangeiros dentro da Bulgária para fabricar e enviar narcóticos para a Europa Ocidental e munição para o Oriente Médio. Os estrangeiros eram Turcos, Sírios e Jordanianos. As reuniões de coordenação incluíam traficantes da Grécia, Itália, Iraque e Irã. Enquanto a Bulgária foi identificada no início da década de 1970 num estudo secreto da CIA como “o novo centro para distribuição do tráfico de narcóticos e de armas”, todos os dados do relatório da DEA (Agência Americana Contra Drogas) na verdade se refere a estrangeiros trabalhando dentro da Bulgária. A resposta do governo Búlgaro para as reclamações Americanas era sempre negar qualquer envolvimento: a presença de estrangeiros dentro do solo Búlgaro não constituía nenhum crime e nenhum Búlgaro tanto dentro do solo Búlgaro quando fora, fora incriminado.

Outro líder que discursou na reunião em Moscou foi Walter Ulbricht, o Primeiro Secretário da República Democrática da Alemanha. Ele aproveitou a oportunidade para fazer pressão por um envolvimento maior da Alemanha. Naquela época, os Alemães não possuíam permissão para conduzir suas próprias estratégias de inteligência e por isso, Ulbricht enfatizava, a Alemanha necessitava de ajuda para explorar seus recursos na África, no Oriente Médio e na América Latina. Inteligência Estratégica, ou seja, sabotagem, terrorismo, trapaça e espionagem, foi exatamente onde a ofensiva com os narcóticos começou e onde ela se sentia em casa. Em 1964, a Alemanha Oriental recebeu a permissão de começar as suas próprias operações de Inteligência Estratégica.

Mais tarde, neste mesmo dia, já sob efeito de alguns drinques, Khrushchev cutucou o cotovelo do Sejna de maneira brincalhona, e com brilho em seus olhos, ele revelou o nome secreto de toda a operação Soviética com tráfico de drogas, “Druzhba Narodov”, o quê, numa simples tradução, significa “A Amizade das Nações”. Esconder a real intenção das operações com um trocadilho era puro Khrushchev.

Esta reunião em Moscou foi única. A estratégica Soviética foi considerada extremamente sensível e foi associada a ela o mais alto nível de classificação de segurança. Pessoas sem a absoluta necessidade de saber detalhes da operação, não deveriam saber absolutamente nada sobre a operação. Seguindo a reunião, que foi o início oficial da operação, com pouquíssimas exceções, todas as coordenações e cooperações foram tratadas de maneira bilateral apenas.

Os líderes dos satélites retornaram aos seus respectivos países a procederam com os seus respectivos planos individuais no meio do maior esquema de segredo possível. Sejna descreveu a maneira como os planos da Checoslováquia foram desenvolvidos, resumido para o Conselho de Defesa, aprovado e depois implementado. Esta descrição provê uma visão muito interessante de como os planos operacionais contendo informações altamente sensíveis eram desenvolvidos, controlados e mantidos em segredo. A tarefa de desenvolver o plano era designada para cinco pessoas, cada um do Departamento de Órgãos Administrativos, inteligência civil, inteligência militar, do Departamento de Assuntos Estrangeiros e da Administração de Saúde Militar. Sejna era o encarregado da Secretaria do Conselho de Defesa. As cinco pessoas, mais um cozinheiro do secretariado do Sejna, foram isolados numa vila em Rusveltova Nº 1, que por acaso foi onde Fidel Castro ficou enquanto estava visitando a cidade de Praga. O trabalho deles foi monitorado pelo Chefe dos Conselheiro Soviéticos da Zs e pelo Jiri Rudolf e pelo Vaclav Havranek, que eram os oficiais do Departamento de Órgãos Administrativos responsáveis pela inteligência e a contra inteligência militar. Apenas outros cinco oficiais Checos tinham acesso a Vila: o Ministro do Interior, o Ministro da Defesa, o Chefe do Gabinete, o Chefe da Segunda Administração (inteligência civil) e Sejna. Depois que este grupo conseguiu finalizar o plano geral, as únicas pessoas que tiveram acesso a este plano foram os sete membros do Conselho de Defesa.

Quando o plano de operação com os narcóticos estava finalizado, ele foi considerado mais sensível até mesmo do que os planos anuais da inteligência. Nove cópias foram feitas e envelopadas e depois enviados para o Conselho de Defesa, onde eles foram abertos e examinados antes da votação para sua aprovação. O Ministro da Defesa e o Ministro de Assuntos Interiores apresentaram conjuntamente o plano para o Conselho de Defesa. O plano levava em conta pesquisa, desenvolvimento, a influência das drogas nos seres humanos, testes, produção, distribuição, como o dinheiro seria lidado no projeto, como os lucros seria utilizado e os indivíduos que teriam as responsabilidades particulares. Durante a apresentação, o Ministro de Assuntos Interiores, Rudolph Barak explicou que “Este projeto não serviria apenas para destruir a sociedade Ocidental, mas este projeto vai fazer a sociedade Ocidental ainda por cima nos pagar por isso”. Antonin Novotny, Primeiro Secretário e Presidente do Conselho de Defesa perguntou o “quanto ganharíamos com isso?”, e Barak respondeu: “O suficiente para financiar completamente o serviço de inteligência da Checoslováquia”.

Assim que a discussão terminou, nem mesmo esperando o fim da reunião, como normalmente era feito, Sejna recolheu todas as cópias e fechou todos os envelopes. Todas, menos três cópias, foram totalmente destruídas. Estas três cópias foram enviadas para a inteligência militar (Zs), para a Segunda Administração do Ministério de Assuntos Interiores e para os arquivos do Conselho de Defesa, que era onde o Sejna fazia parte do secretariado. Nenhuma instrução por escrito para pôr o plano em operação foi gerada. As principais pessoas de cada departamento, de cada agência que possuía alguma tarefa específica nesta fase do projeto ia a um dos três escritórios que possuíam as cópias do projeto e podiam ler apenas o mínimo necessário. Por exemplo, para o desenvolvimento científico e produção, os chefes do Rear Services[2] e da Administração Médica vieram de maneira independente ao escritório do Sejna para ler as suas partes pertinentes do plano. O trabalho do Sejna era garantir que cada oficial entendeu perfeitamente a sua responsabilidade. O oficial era então obrigado a assinar um termo de responsabilidade que entendeu perfeitamente a ordem, e depois disso o oficial ia embora.

Esse processo foi aplicado até mesmo ao Ministro de Defesa. Todas as ordens eram verbais. Relatórios com o progresso deviam ser enviados ao Sejna em até seis meses. Sejna em pessoa agregava todos os relatórios e apresentava os resultados para o Conselho de Defesa.

Um ano depois, em 1963, Khrushchev, descontente com a velocidade da operação, direcionou o Major General Nikolai Savinkin, o chefe-substituto  do Departamento de Órgãos Administrativos do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (ele viria a se tornar o Chefe em 1964 depois da morte do General Mironov num acidente de avião), para visitar cada um dos países satélites e Cuba pessoalmente para preparar um plano detalhado de como poderia acelerar e coordenar a operação com narcóticos. O Departamento de Órgãos Administrativos é um dos dois ou três principais departamentos do Comitê Central. Ele controla o Ministério da Defesa, o Ministério de Assuntos Interiores (KGB) e o Ministério da Justiça. Era exatamente este o departamento que direcionava a operação “Druzhba Naradov”. Outras organizações que participaram serão descritas no próximo capítulo.

O plano de Savinkin foi aprovado pelo Conselho Soviético de Defesa e as diretivas foram enviados aos países satélites. Estas diretivas, que chegaram através do Sejna como o Secretário do Conselho Checo de Defesa e o Chefe do Gabinete do Ministério da Defesa, cobria uma larga variedade de ações: pesquisa, produção, organização do transporte, organização das cooperações através dos países satélites em várias regiões do mundo, a necessidade da cooperação em ajudar Cuba a infiltrar todas as operações da América Latina e como esta cooperação deveria ser feita, nomeava as pessoas que deveriam, em diversos países, ajudar na distribuição, na propaganda e na desinformação. Também foram recebidas instruções de como e quais instituições financeiras deveriam participar das transferências e lavagem de dinheiro. No caso específico da Checoslováquia, pelo menos quinze bancos diferentes em nove países (incluindo Singapura, Viena, Argentina e Holanda) foram identificados. O banco Soviético em Londres foi se tornando cada vez mais envolvido nas transferências dos lucros do tráfico.

As instruções de propaganda e desinformação eram especificamente interessantes. Propaganda, desinformação e trapaça são desenvolvidas para ajudar o plano de trapaça geral. Nas operações com drogas e narcóticos, a essência da propaganda e da desinformação era que a culpa do tráfico e do uso de drogas deveria cair sobre a “sociedade”. Adicionalmente, e suportando a essência básica do plano, as provas de corrupção deveriam ser liberadas para desmerecer certos indivíduos e organizações consideradas hostis para os interesses Soviéticos. Haviam duas principais campanhas de propaganda – uma direcionada contra a juventude e outra direcionada contra a população como um todo. Estas campanhas envolveram o Departamento de Propagandas Especiais, o Departamento de propaganda e o Departamento de Assuntos Internacionais, com uma coordenação central dentro do Departamento de Órgãos Administrativos.

A estratégia básica para a propaganda e a trapaça foi desenvolvida primeiramente em 1961 ou 1962 pelo General Soviético Kalashnik, o Chefe-Substituto do Principal Administração Política, o guardião ideológico de todo o estabelecimento militar Soviético. Kalashnik era o chefe ideológico da Secretaria Principal de Administração Política. Sejna relembrou as simples instruções do Kalashnik: “Nossa propaganda deve ser sempre direcionada para os nossos inimigos, não para os nossos amigos”. A palavra “amigo” significava, na verdade drogas e narcóticos. Propaganda e trapaça deveriam ser utilizadas para tirar o foco da atenção das drogas e dos narcóticos, especialmente em relação as classes média e alta, que eram um dos alvos da propaganda, e mudar o foco da atenção das pessoas para os problemas da guerra nuclear, a guerra do Vietnã e o Antiamericanismo.

Estas instruções de propaganda foram estendidas em 1964 numa carta assinada pelo Leonid Brezhnev que foi muito discutida numa reunião no Conselho de Defesa da Checoslováquia. A carta mandava que os dados referentes ao tráfico de drogas e narcóticos dos Chineses deveriam ser divulgados ao público, para assim anunciar ao mundo o papel da China como a fonte de todo o tráfico ilegal e assim desviar a atenção das operações Soviéticas. (Um dos principais artigos escritos com este propósito apareceu no Pravda no dia 13 de Setembro de 1964. Foi escrito pelo V. Ovchinnikov e foi intitulado “Os Traficantes”).

Em setembro de 1963 os principais líderes (Primeiros Secretários, Primeiros Ministros, Ministros da Defesa, Ministros de Assuntos Interiores e uma equipe selecionada de cada um destes, num total de 15 pessoas de cada país, exceto Romênia, Albânia e Iugoslávia, que não se apresentaram) se encontraram em Moscou para a conferência anual sobre o plano e as táticas que deveriam ser postas em prática no ano vindouro. A diplomacia, a inteligência e as partes envolvidas – ou seja, o processo integrado – para o próximo ano, era revista pelos líderes Soviéticos.

O principal palestrante era o Mikhail Suslov, o chefe ideológico do Partido Comunista e um dos principais oficiais no desenvolvimento dos planos estratégicos. Na discussão sobre as drogas, Suslov começou apontando que a decisão que foi tomada sobre o uso do tráfico de drogas e narcóticos foi a melhor decisão que podia ter sido tomada. Como os Soviéticos tinham levantado, na década de 1950, que a América Latina era extremamente dependente da burguesia, especialmente dos Estados Unidos, os Soviéticos perceberam que com o uso das drogas isso poderia mudar: os países da América Latina poderiam todos depender da União Soviética. O principal instrumento para isso deveria ser tanto as drogas como outros modos de corrupção, prática que os Soviéticos concluíram que já estava espalhado por todas as Américas.

Os Soviéticos se referiam a este movimento revolucionário na América Latina como a Segunda Libertação. A Primeira Libertação foi a libertação tanto de Portugal como da Espanha. A Segunda Libertação seria a libertação dos Estados Unidos e da burguesia. A Terceira Libertação seria a transição para o Comunismo.

Suslov explicou que era necessário desarmar os anticomunistas e todos os amigos dos Estados Unidos antes da Segunda Libertação acontecer. Os Soviéticos acreditavam que a burguesia corrompida já tinha aceita a ideia da revolução, o que na verdade era pura trapaça induzida pelos Soviéticos. A estratégia utilizada para encorajar a aceitação da ideia de revolução foi de argumentar que os países Latinos Americanos estavam destinados a passar por uma série de estágios revolucionários, em que as mudanças que ocorreriam seriam benéficas. Nos primeiros estágios, não haveria, pelo controle dos Soviéticos, nenhuma menção ao socialismo ou sequer utilização de frases socialistas – para não assustar as pessoas com o conceito da revolução.

Os Soviéticos listaram os cinco fatores que se mostraram mais efetivos para acelerar o processo revolucionário na América Latina:

1.       A igualdade militar entre Estados Unidos e a União Soviética: A União Soviética deveria ser forte o suficiente para impedir a interferência dos Estados Unidos antes que a revolução possa iniciar.

2.       A bancarrota do colonialismo: Enfraquecer e por último romper os laços da América Latina com os Estados Unidos através da propaganda de como a exploração e a impropriedade das políticas colonialistas, além protecionismo, que andava junto do colonialismo, atrasavam a América Latina.

3.       Organização Ideológica e de suprimentos para as forças de liberação: Uma melhor organização e uma ofensiva ideológica unificada eram requisitos para as forças de liberação. O movimento acabou por se separar demais na época de Stalin. Unidade ideológica era uma necessidade e a assistência de suprimentos – dinheiro, armas, treinamento, organização - precisava melhorar e muito na América latina.

4.       A derrota dos Estados Unidos no Vietnã: Era necessário separar os Estados Unidos dentro de casa e tornar extremamente difícil para os Estados Unidos se envolverem em guerras fora de seu território novamente. Também era fundamental que as forças nacionalistas (pró-Estados Unidos) reconheçam que os Estados Unidos não podem mais ser confiados como aliados contra o processo revolucionário.

5.       A desmoralização dos Estados Unidos e de seus vizinhos tanto ao sul como ao norte: As drogas eram o principal instrumento para trazer esta desmoralização – a desmoralização pelas drogas deveria ser referida como a “Epidemia Rosa”. Os Soviéticos acreditavam que quando a “Epidemia Rosa” cobrisse toda a América do Norte e do Sul, a situação estaria altamente satisfatória para a revolução.

Suslov reviu a situação da América Latina, utilizando os dados recolhidos pela inteligência Soviética, pelos partidos Comunistas locais, por Cuba e pelos agentes da inteligência do Pacto de Warsaw que já tinham penetrado nas operações com drogas na América Latina. Fazendo especiais referências ao Paraguai, Jamaica, El Salvador, Guatemala, Honduras e México, Suslov declarou que 70% dos burocratas da América Latina já estavam ligados com (ou seja, corrompidos pelas) operações com drogas. “No México”, ele disse, “80% dos burocratas estavam ligados com as drogas e envolvidos em algum nível de corrupção. Na América Latina, 65% dos padres católicos usavam drogas”, ele disse. Padres Católicos eram alvos de primeira linha na estratégia Soviética na América Latina.

Quatro anos depois, numa reunião em 1967, Boris Ponomarev explicou para os oficiais da Checoslováquia que segundo as estimativas Soviéticas, 80% dos padres Da América latina eram antiamericanos, e um pouco mais do que 60% estavam inclinados à esquerda. Esta estatística, particularmente, era bastante influenciada pelos padres mais novos, o que os Soviéticos acreditavam que teriam grande influência em mais ou menos 20 anos. Boris Ponomarev avançou com três razões para trabalhar com os padres mais novos: eles ajudariam a revolução a avançar, eles usariam a igreja para distribuir as drogas, e eles seriam utilizados para ganhar mais informações sobre as redes locais de distribuição de drogas.

Porém, voltando a 1963; depois de rever as estatísticas do negócio de drogas, Suslov discutiu dois grupos especiais os quais as drogas deveriam ser usadas contra: o primeiro eram os líderes da burguesia; o segundo era o grupo referido como o “lumpen proletariado” – os desempregados que ou se tornavam prostitutas ou marginais para sobreviver. Um outro termo utilizado para descrever este grupo é “downtrodden proletariat”. Como Mikhail Suslov explicou, “este grupo é particularmente suscetível a ser seduzido pelas drogas. Isso tudo era pelo bem, pois iria ajudar a guerra revolucionária a destruir este grupo, pois não passavam de inúteis e um peso a ser carregado. Seus membros não querem trabalhar. Eles são os principais consumidores de drogas e devem ser destruídos. A principal tática revolucionária é preparar a elite revolucionária e estes proletários não fazem parte desta elite”.

Para avançar o negócio das drogas, Mikhail Suslov também enfatizou quatro pontos:

1.       Utilizar Cuba para ajudar na distribuição das drogas;

2.       Possuir total certeza que pessoal escolhido está totalmente limpo quanto a segurança antes de envolve-los nas operações de tráfico de drogas;

3.       Nos Partidos Comunistas locais, somente o Primeiro Secretário deveria estar ao par das operações envolvendo drogas. Os Partidos Comunistas deveriam ser mantidos a uma distância segura das operações com drogas por dois motivos: primeiro, era acreditado que os Partidos Comunistas possuíam agentes estrangeiros infiltrados. De acordo com as ordens, o conhecimento sobre as operações com drogas deveria ser mantido a distância dos partidos e o pessoal do partido deveria ser muito cuidadosamente inspecionado antes de ser envolvido em qualquer atividade com as drogas; Segundo, as operações com drogas geravam muito dinheiro e isso poderia levar os partidos à independência financeira. Por isso, as operações deveriam ser mantidas fora das mãos dos partidos para assim mantê-los dependentes de Moscou. O dinheiro das drogas deveria ser, primeiro enviado a Moscou, e depois aos partidos segundo as suas necessidades.

4.       Era muito importante induzir que as inteligências Latinas Americana, a contra inteligência e as forças militares locais a se envolverem nas drogas (as anticomunistas). Estas organizações eram fontes de sentimentos pró-Estados Unidos, e a corrupção causada pelas drogas deveriam ser utilizadas para neutralizar as atitudes pró-Estados Unidos.

O estilo do Khrushchev era ficar sentado e ir interrompendo o palestrante para ir adicionando pontos quando ele considerava que era pertinente. Ele interrompeu Suslov para enfatizar a necessidade de cautela. “O Camarada Suslov”, ele disse, “é particularmente cuidadoso. Eu tentei força-lo a acelerar o processo com as drogas – para fazer a burguesia pagar pelo processo revolucionário – mas eu concordo com ele. Não podemos nos arriscar ainda mais.” Num outro ponto Khrushchev interrompeu e explicou: “Algumas pessoas tentam igualar drogas e álcool, porém álcool não é parecidos com as drogas. Nós damos vodca para os soldados soviéticos e estamos indo de sucesso em sucesso!”.

Suslov também apontou a necessidade de começar a fazer uma reserva para as forças revolucionárias da América Latina, para que as suas necessidades fossem satisfeitas quando elas estiverem prontas para sair do subterrâneo. Pelo o acordo, todos dos países do Pacto Warsaw deveriam começar a contribuir para formar a reserva da América latina.

O discurso de Suslov não deixou dúvidas nenhuma. A operação “Druzhba Narodov” deveria ser global. A burguesia de todos os países eram os alvos. Drogas e narcóticos deveriam ser as principais armas na ofensiva revolucionária.

Enquanto a estratégia Soviética chamada “Druzhba Narodov” ia tomando forma em 1962-1964, provavelmente a melhor, a mais sucinta descrição da filosofia por detrás da operação foi disponibilizada pelo líder da Checoslováquia em 1964 numa visita a Bulgária. Todor Zhivkov, Primeiro Secretário do Partido Comunista da Bulgária, explicou para a delegação visitante da Checoslováquia que os Estados Unidos eram o principal alvo da ofensiva com drogas do Bloco Soviético porque era o principal inimigo, por que era simples mover drogas para dentro dos Estados Unidos e porque existia lá algo como uma fonte infinita de dinheiro.




[1] Citação de Lenin (Não encontrei essa citação do Lenin no www.marxists.org)


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Quem foi Che Guevara?

É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face.

por Ion Mihai Pacepa
FrontPageMagazine, Sexta, 23 de Janeiro de 2009

Original - http://archive.frontpagemag.com/readArticle.aspx?ARTID=33786
Tradução Original - http://www.midiasemmascara.org/artigos/desinformacao/15547-quem-foi-che-guevara.html

Hollywood se despede de 2009 com uma fraude monumental: o épico Che, de Steven Soderbergh, com quatro horas de duração, em Castelhano, transformando um assassino marxista sádico num, de acordo com o New York Times, “genuíno revolucionário durante as estações do seu martírio”. [1] A palavra “estações” faz referência a Cristo nas Estações do Calvário – a Via Crucis. O protagonista do filme, Benicio del Toro, realmente comparou “o herói revolucionário cubano Ernesto Che Guevara” a Jesus Cristo. [2]
O Che de Soderbergh é uma ficção criada pela comunidade KGB, da qual fez parte o serviço de espionagem romeno ao qual pertenci – o DIE – numa época que me coloca diretamente na trama. O Che real foi um assassino que comandou pelotões de fuzilamento comunistas e fundou o terrível gulag cubano. Foi também um covarde que obrigou os outros a lutar até a morte pela causa comunista e que mandou para o patíbulo centenas de pessoas que se recusaram a fazê-lo, mas que se rendeu sem luta ao exército boliviano embora estivesse armado até os dentes. “Não me matem” implorou Che aos seus captores. “Valho mais vivo do que morto”. [3] O filme de Soderbergh omite este episódio – o qual demoliria o seu Che.

Eu poderia escrever um livro sobre como o terrorista Che foi transformado num ídolo esquerdista inspirador – como um belo príncipe emergindo lindamente de uma repulsiva lagarta – e pode ser que o faça algum dia. Por enquanto, aqui vai um resumo de como a KGB criou o seu Che de ficção.

Na década de 1960, a popularidade do bloco soviético estava em baixa. A brutal repressão soviética ao levante húngaro de 1956 e o seu papel na crise dos mísseis cubanos de 1962 enojaram o mundo, e cada um dos ditadores dos países satélites soviéticos tentou se safar como pôde. Khrushchev substituiu a “imutável” teoria marxista-leninista da revolução proletária mundial pela política de coexistência pacífica e fingiu ser um defensor da paz. Dubcek apostou num “socialismo com face humana” e Gomulka no lema “deixe a Polônia ser a Polônia”. Ceausescu proclamou a sua “independência” de Moscou e se retratou como um “dissidente” dentre os líderes comunistas.

Os irmãos Castro, que temiam qualquer tipo de liberalização, decidiram apenas maquiar, com uma romântica fachada revolucionária, o seu comunismo desastroso que estava matando o país de fome. Escolheram Che como garoto propaganda, já que ele havia sido executado na Bolívia – na época um aliado dos EUA – e assim podia ser retratado como um mártir do imperialismo americano.

A “Operação Che” foi lançada mundialmente pelo livro “Revolution in the Revolution” – uma cartilha para insurreição guerrilheira comunista escrito pelo terrorista francês Régis Debray – que elevou Che aos altares. Debray dedicou a sua vida a exportar a revolução estilo cubano por toda a América Latina; em 1967, entretanto, uma unidade das forças especiais bolivianas treinada pelos EUA o capturou, juntamente com todo o bando guerrilheiro de Che.

Che foi sentenciado à morte e executado por terrorismo e assassinato em massa. Debray foi sentenciado a 30 anos de prisão mas foi libertado depois de três anos devido à intervenção do filósofo francês Jean Paul Sartre, um comunista romanticamente envolvido com a KGB, que também era o ideólogo do bando terrorista Baader-Meinhof. Sartre aclamou Che Guevara como “o ser humano mais completo do nosso tempo”. [4] Em 1972, Debray retornou à França, onde trabalhou como conselheiro para a América Latina do presidente François Mitterrand, e dedicou o resto da vida a disseminar o ódio contra os Estados Unidos.

Em 1970, os irmãos Castro elevaram a santificação de Che a um novo patamar. Alberto Korda, oficial da inteligência cubana trabalhando secretamente como fotógrafo para o jornal cubano Revolución, produziu uma foto romantizada de Che. Aquele Che agora famoso, com longos cabelos ondulados e usando uma boina com estrela, olhando diretamente nos olhos de quem o vê, é o logo de propaganda do filme de Soderbergh.

É de se notar que esta foto de Che foi apresentada ao mundo por um agente da KGB trabalhando secretamente como escritor – I. Lavretsky –, num livro intitulado “Ernesto Che Guevara”, editado pela KGB. [5] A KGB chamou a foto de “Guerrillero Heroico” e a espalhou por toda a América do Sul – área de influência de Cuba. O editor milionário italiano Giangiacomo Feltrinelli, outro comunista romanticamente envolvido com a KGB, inundou o resto do mundo com a imagem de Che impressa em cartazes e camisetas. O próprio Feltrinelli virou terrorista e foi morto em 1972 enquanto plantava uma bomba nos arredores de Milão.

Ouvi o nome de Che pela primeira vez em 1959, da boca do general Aleksandr Sakharovsky, antigo chefe da inteligência soviética e conselheiro para a Romênia, que mais tarde dirigiu a “revolução” dos Castro e foi recompensado com a promoção a chefe da toda-poderosa organização de inteligência estrangeira soviética, posição que manteve por quinze anos. Ele chegou a Bucareste com o seu chefe, Nikita Khrushchev, para conferências sobre Berlim Oriental e sobre a “nossa Gayane cubana”. Gayane era o codinome geral para a operação de sovietização da Europa Oriental.

Na época, a burocracia soviética acreditava que Fidel Castro era apenas mais um aventureiro, e relutava em apoiá-lo. Mas Sakharovsky havia ficado impressionado com a devoção ao comunismo do irmão de Fidel, Raul, e do seu tenente, Ernesto Guevara, e fez deles os principais protagonistas da “nossa Gayane cubana”. Os dois foram levados a Moscou para serem doutrinados e treinados, e ganharam um conselheiro da KGB.

De volta a Sierra Maestra, Che provou ser um verdadeiro assassino sangue frio nos moldes da KGB – responsável pela morte de mais de 20 milhões de pessoas apenas na União Soviética. “Meti uma bala de calibre 32 no lado direito do seu cérebro, que vazou por toda a têmpora” escreveu Che no seu diário, descrevendo a execução de Eutimio Guerra, um “traidor da Revolução”, a quem matou em fevereiro de 1957. [6] Guerra era a sétima pessoa a quem Che matara. “Para enviar homens para o pelotão de fuzilamento não é preciso provas judiciais”, explicou. “Estes procedimentos são detalhes burgueses obsoletos. Isso aqui é uma revolução! E uma revolução deve se tornar uma fria máquina de matar movida por puro ódio.” [7]

No dia 1° de janeiro de 1959, a “Gayane cubana” venceu, e a KGB encarregou Che de limpar Cuba dos “anti-revolucionários”. Milhares de pessoas foram enviadas para “el paredón”. Javier Arzuaga, capelão da prisão Al Cabaña no início de 1959, escreveu em seu livro “Cuba 1959: La Galeria de la Muerte” ter testemunhado “o criminoso Che” ordenando a execução de cerca de duzentos cubanos inocentes. “Argumentei diversas vezes com Che a favor dos prisioneiros. Lembro-me especialmente de Ariel Lima, um garoto de apenas 16 anos. Che estava obstinado. Fiquei tão traumatizado que em maio de 1959 recebi ordens para deixar a paróquia Casa Blanca, onde ficava La Cabaña … Fui para o México receber tratamento.” [8]

De acordo com Arzuaga, as últimas palavras de Che para ele foram: “Quando tirarmos nossas máscaras, seremos inimigos”. [9] É hora de tirar a sorridente máscara de Che e revelar a sua verdadeira face. O Memorial Cubano no Parque Tamiami, em Miami, contém centenas de cruzes, cada uma com o nome de uma pessoa identificada, vítima do terror comunista de Raul e Che. [10]

Também é tempo de interromper a mentira de trinta anos, reforçada pelo filme de Soderbergh, de que os irmãos Castro e o seu carrasco Che eram nacionalistas independentes. Em 1972, eu estava presente a um discurso de seis horas no qual Fidel pregou a mesma mentira. No dia seguinte, fui a uma pescaria com Raul. Havia outro convidado no barco, um soviético que se apresentou como Nikolay Sergeyevich. O meu colega cubano, Sergio del Valle, sussurrou no meu ouvido “Aquele é o coronel Leonov”. Anteriormente, ele já havia explicado para mim que Leonov era conselheiro da KGB para Raul e Che nas décadas de 1950 e 1960. Lá, naquele barco, para mim ficou claro como nunca que a KGB estava nas rédas da carruagem revolucionária dos Castro. Dez anos mais tarde, Nikolay Leonov foi recompensado por seu trabalho de manipulação de Raul e Che com a promoção a general e representante chefe de toda a KGB.

Na década de 1970, a KGB era um estado dentro do estado. Hoje, a KGB, renomeada de FSB, é o estado na Rússia, e o Che de Soderbergh é o maná dos céus para os representanes dela na América Latina. Meses atrás, duas marionetes do Kremlin – Hugo Chávez e Evo Morales – expulsaram, no mesmo dia, os embaixadores americanos de seus países. Milhares de pessoas carregando o retrato do Che de Soderbergh tomaram as ruas pedindo a proteção militar russa. Navios de guerra russos estão de volta a Cuba – e, mais recentemente, chegaram à Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos.

“A fraude trabalha como cocaína” costumava dizer para mim Yury Andropov, o pai da contemporânea era russa da fraude, quando ele era chefe da KGB. Em seguida, explicava: “Se você cheirar uma ou duas vezes, não mudará a sua vida. Mas, se você usá-la dia após dia, ela fará de você um viciado, um homem diferente”. Mao tinha a sua própria frase: “Uma mentira repetida centenas de vezes vira verdade”. O filme de Soderbergh sobre Che prova que ambos estavam certos.

Notas:
[1] A. O. Scott, “Saluting the Rebel Underneath the T-Shirt,” The New York Times, December 12, 2008.
[2] Guillermo I. Martínez, “Guevara biopic belies his ruthlessness,” The Sun Sentinel, January 1, 2009, p. 13A.
[3] Idem.
[4] Idem.
[5] I. Lavretsky, “Ernesto Che Guevara, “Progress Publishers, 1976, ASIN B000B9V7AW, p. 5. Initially published in Russian in 1973.
[6] Matthew Campbell, “Behind Che Guevara mask, the cold executioner,”The Sunday Times, September 16, 2007.
[7] Mark Goldblath, “Revenge of Che: no amount of Hollywood puferry will change the fact that commies aen’t cool,” The Wall Street Journal, December 19, 2008.
[8] “The Infamous Firing Squads,” p. 1, as published in http://therealcuba.com/page5.htm.
[9] Idem.
[10] Ibidem.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Maquiavel Pedagogo




"Uma re​volução pe​dagógica ba​seada nos re​sultados da pes​quisa psi​copedagógica está em cur​so no mun​do in​tei​ro. [...] Essa re​vo​lu​ção pe​da​gó​gi​ca visa a im​por uma “éti​ca vol​ta​da para a cri​a​ção de uma nova so​ci​e​da​de” [...] A nova éti​ca não é ou​tra coi​sa se​não uma so​fis​ti​ca​da re​a​pre​sen​ta​ção da uto​pia co​mu​nis​ta. [...] sob o man​to da éti​ca, e sus​ten​ta​da por uma re​tó​ri​ca e por uma di​a​lé​ti​ca fre​quen​te​men​te no​tá​veis, en​con​tra-se a ide​o​lo​gia co​mu​nis​ta, da qual ape​nas a apa​rên​cia e os mo​dos de ação fo​ram mo​di​fi​ca​dos."

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Trechos do Capítulo 3

Em 1964, a Unes​co pu​bli​cou um im​por​tan​te tra​ba​lho, in​ti​tu​la​do \"A mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des\". Em prin​cí​pio, tal obra tra​ta das ati​tu​des in​ter​gru​pos – ra​ci​ais, re​li​gi​o​sas e ét​ni​cas –, mas as téc​ni​cas ali des​cri​tas [...] são per​fei​ta​men​te apli​cá​veis a vá​ri​os ou​tros do​mí​ni​os, como o au​tor mes​mo re​co​nhe​ce.

A ex​ten​são do cam​po de apli​ca​ção des​sas téc​ni​cas de mani​pu​la​ção psi​co​ló​gi​ca, que atu​al​men​te abrange o sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal fran​cês, jus​ti​fi​ca a im​por​tân​cia que da​mos a tal obra.

Ade​mais, a fi​lo​so​fia po​lí​ti​ca cla​ra​men​te ma​ni​pu​la​tó​ria que fun​da​men​ta tais prá​ti​cas pres​supõe um despre​zo ab​so​lu​to pela li​ber​da​de e dig​ni​da​de hu​ma​nas e pela de​mo​cra​cia. Ver-se-á que o au​tor visa ex​pli​ci​ta​men​te à di​fu​são das téc​ni​cas de ma​ni​pu​la​ção psi​co​ló​gi​ca nas es​co​las.

Com​preen​de-se fa​cil​men​te, por​tan​to, a aver​são ma​ni​fes​ta​da por mui​tos da​que​les quem veem o nos​so sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal ser in​va​di​do pe​las psi​co​pe​da​go​gi​as: uma mu​dan​ça de va​lo​res cons​ti​tui uma re​volu​ção – psi​co​ló​gi​ca – mui​to mais pro​fun​da que uma re​vo​lu​ção so​ci​al.

No​te​mos, con​tu​do, para res​ta​be​le​cer a ver​da​de, que não é um au​men​to da edu​caç​ão que leva ao mundi​a​lis​mo, ao ma​te​ri​a​lis​mo e à per​mis​si​vi​da​de – o que con​duz a isso é um au​men​to da edu​ca​ção revo​lu​ci​o​ná​ria. Te​ria es​que​ci​do o au​tor que os sé​cu​los pas​sa​dos pu​de​ram con​tar com ho​mens eruditos, cuja cul​tu​ra, essa sim au​tên​ti​ca, nada ti​nha que in​ve​jar às pro​du​ções de Jack Lang?

Resumo do documento "E.E. Da​vis, La mo​di​fi​ca​ti​on des at​ti​tu​des, Rap​port et do​cu​ments de sci​en​ces so​ci​a​les, n° 19, Pa​ris, Unes​co, 1964.\"

No que con​cer​ne à for​ma​ção e à mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des da so​ci​e​da​de em ge​ral, os co​ro​lá​ri​os dos resul​ta​dos aci​ma men​ci​o​na​dos são evi​den​tes (página  24).
Os co​ro​lá​ri​os des​ses re​sul​ta​dos, para a mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des no pla​no da vida da so​ci​al, são eviden​tes (p. 40).
Po​de​mos por​tan​to con​cluir que, in​con​tes​ta​vel​men​te, pos​su​í​mos co​nhe​ci​men​tos cuja apli​ca​ção generali​za​da nos per​mi​te atin​gir nos​sos ob​je​ti​vos, a sa​ber:
- aper​fei​ço​ar as ati​tu​des in​ter​gru​pos e as re​la​ções en​tre gru​pos.

Evi​den​te​men​te, a ques​tão que se co​lo​ca é a de sa​ber como se po​dem apli​car es​ses mé​to​dos em lar​ga es​ca​la.

Esse pro​ces​so não se dará sem di​fi​cul​da​des, mas tais di​fi​cul​da​des não são in​su​pe​rá​veis (páginas 48-49).

Os es​tu​dos ori​en​ta​dos para a co​mu​ni​da​de, os quais le​vam em  con​ta esse fato [a ten​dên​cia à conformida​de aos cos​tu​mes  es​ta​be​le​ci​dos], vi​sam à “re​con​ver​são”, em cer​to sen​ti​do, de comunidades in​tei​ras, nas quais é ne​ces​sá​ria a mo​di​fi​ca​ção  das nor​mas e das prá​ti​cas es​ta​be​le​ci​das, a fim de aper​fei​ço​ar  as ati​tu​des in​ter​gru​pos e de co​lo​car to​dos os gru​pos em pé de igual​da​de. Para tanto, faz-se ne​ces​sá​rio ape​lar ao au​xí​lio de po​lí​ti​cos, de lí​de​res co​mu​ni​tá​ri​os, de emis​so​ras de rá​dio, da im​pren​sa lo​cal e de ou​tros “for​ma​do​res de opi​ni​ão”, a fim de pro​vo​car as mu​dan​ças na comunidade in​tei​ra (p. 55).

En​tre as te​o​ri​as re​la​ti​va​men​te re​cen​tes que têm es​ti​mu​la​do as pes​qui​sas, en​con​tra-se a da “dissonância cog​ni​ti​va”, de Fes​tin​ger (1957) (p.39).

Um dos co​ro​lá​ri​os da te​o​ria de Fes​tin​ger é o fato de que uma de​cla​ra​ção ou ação pú​bli​cas em desacordo com a opi​ni​ão  pri​va​da do su​jei​to po​dem ge​rar nele uma dis​so​nân​cia cog​ni​ti​va e, as​sim, em di​ver​sos ca​sos, acar​re​tar uma mo​di​fi​ca​ção de ati​tu​de.

Ou​tras pro​vas des​sa re​sis​tên​cia [a se dei​xar in​flu​en​ci​ar pe​los mé​to​dos de in​tros​pec​ção] fo​ram apresenta​das por Cul​bert​son (1955). Esse au​tor des​co​briu que o psi​co​dra​ma cons​ti​tui um  meio geralmen​te mais efi​caz para mo​di​fi​car tais ati​tu​des.

[...] o pro​ces​so edu​ca​ci​o​nal não con​sis​te ape​nas na trans​mis​são  de in​for​ma​ções.

Na me​di​da em que o gru​po de pa​res re​pre​sen​ta para a cri​an​ça um qua​dro de re​fe​rên​cia, ele con​tri​bui em lar​ga me​di​da para  a  mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des so​ci​ais (p. 45).

A con​clu​são que se pode ti​rar des​ses es​tu​dos é que, mes​mo que as ati​tu​des in​ter​gru​pos ne​ga​ti​vas se for​mem, fre​quen​te​men​te me​di​an​te a ado​ção da nor​ma da cé​lu​la fa​mi​li​ar, gru​po pri​má​rio – e os programas de ação bem po​de​ri​am le​var em con​ta os pais, en​quan​to agen​tes de mo​di​fi​ca​ção de atitudes –, ain​da as​sim  não de​ve​mos nos dei​xar de​sen​co​ra​jar por tais di​fi​cul​da​des.

Os gru​pos de pa​res, so​bre​tu​do aque​les que se for​mam no âm​bi​to da es​co​la ou da uni​ver​si​da​de, po​dem mui​to bem tor​nar-se gru​pos de re​fe​rên​cia e pro​mo​ver um efei​to po​si​ti​vo so​bre a mo​di​fi​ca​ção das atitudes, con​tri​bu​in​do des​sa for​ma a di​ri​mir o “atra​so cul​tu​ral”.

No que con​cer​ne às re​la​ções en​tre pais e fi​lhos, en​con​tra​mo-nos  di​an​te do se​guin​te pro​ble​ma: para con​du​zir as cri​an​ças de modo a aper​fei​ço​ar as re​la​ções en​tre gru​pos, ne​ces​sá​rio se​ria  co​me​çar pela modi​fi​ca​ção de seus pais (p. 45).

Não de mo​des​tos acrés​ci​mos ao nos​so atu​al pro​gra​ma de en​si​no,  mas sim de trans​for​ma​ções profundas em nos​so pla​no de es​tu​dos,  em nos​so modo de se​le​ção de pro​fes​so​res e em toda nos​sa concep​ção de en​si​no pú​bli​co.

De​ve​mos re​fle​tir so​bre a ne​ces​si​da​de, para to​dos os di​ri​gen​tes da área da edu​ca​ção, de uma reorientação e de com​pe​tên​ci​as de or​dem po​lí​ti​ca” (p. 47).

Sem dú​vi​da, é di​fi​cil​men​te ima​gi​ná​vel que uma só pes​soa ou  mes​mo um pe​que​no gru​po de pes​so​as pos​sa mu​dar com​ple​ta​men​te,  do dia para a noi​te, uma so​ci​e​da​de mo​der​na, de es​tru​tu​ra  de​mo​crá​ti​ca e plu​ra​lis​ta.

Por ou​tro lado, não é im​pro​vá​vel que, me​di​an​te es​for​ços con​cre​tos e com a apli​ca​ção de conhecimentos mo​der​nos, gru​pos de in​di​ví​duos pos​sam ace​le​rar a evo​lu​ção so​ci​al de ma​nei​ra a redimir cer​tos “atra​sos cul​tu​rais”, nem se pode di​zer que tais gru​pos não de​vam em​preen​der tal ação (p. 57).

Po​rém, se con​si​de​ra​mos os mei​os de in​for​ma​ção, sob um ân​gu​lo  mais vas​to, como ins​tru​men​tos que per​mi​tem à so​ci​e​da​de  mo​di​fi​car as ati​tu​des dos in​di​ví​duos num sen​ti​do de​se​ja​do, im​por​ta exa​mi​nar a ques​tão re​la​ti​va à in​ten​ção que ori​en​ta o em​pre​go dos mei​os de co​mu​ni​ca​ção; dito de ou​tra for​ma: tra​ta-se de sa​ber quem dispõe des​ses mei​os. Evi​den​te​men​te,  essa ques​tão é bas​tan​te de​li​ca​da, e traz con​si​go im​por​tan​tes  im​pli​ca​ções po​lí​ti​cas, que não ire​mos pon​de​rar aqui. De  qual​quer modo, cabe-nos ob​ser​var que tal ques​tão não pode ser ne​gli​gen​ci​a​da in​de​fi​ni​da​men​te (p. 59).

Vídeos



terça-feira, 30 de abril de 2013

A cruzada religiosa do Kremlin

Original
 
Traduzido em:
 
Ion Mihai Pacepa (Lt. Gen. R) é o mais alto funcionário do bloco soviético ao qual foi concedido asilo político nos Estados Unidos. No Natal de 1989, Ceausescu e sua mulher foram executados depois de um julgamento – as acusações presentes no processo foram publicadas quase que palavra-por-palavra no livro de Pacepa, “Red Horizons”, posteriormente traduzido para 27 idiomas.
 
Tradução: Bruno Braga
 
 
Se você pensa que a Rússia se tornou nossa amiga, pense novamente. Não vamos gastar todo o nosso dinheiro em bem-estar e em aquecimento global. A “eleição” do novo patriarca da Rússia em 2009 mostra que ainda precisamos nos defender contra os sonhos imperiais do Kremlin.
 
Há tempos o Kremlin usa a religião para manipular as pessoas. Os czares utilizaram a Igreja para instilar a obediência doméstica. Os governantes soviéticos apaziguaram a população com a KGB, mas eles sonhavam com a revolução mundial. Depois que a casa já tinha sido acalmada, então eles encarregaram a KGB de trabalhar – através da igreja – para ajudar o Kremlin a expandir sua influência na América Latina. Desde Pedro, o Grande, os czares russos conservam a obsessão de encontrar um meio para entrar no Novo Mundo.
Criar um exército secreto de inteligência formado por servos religiosos, e utilizá-lo para promover os interesses do Kremlin no exterior, foi um trabalho importante para a KGB ao longo dos 27 anos em que fiz parte dela. Centenas de religiosos que não cooperavam foram assassinados ou enviados para os Gulags. Os complacentes foram utilizados. Como não era permitido aos padres serem agentes da KGB, eles assumiram a condição de cooptador ou de agente disfarçado. Um cooptador recebia privilégios da KGB (promoções, viagens internacionais, cigarros e bebidas importados, etc.). Um agente disfarçado gozava dos mesmos privilégios, além de receber um salário suplementar secreto de acordo com a sua posição real ou imaginária na KGB. Para preservar o sigilo, todos os padres que se tornaram cooptadores ou agentes disfarçados eram conhecidos, dentro da KGB, apenas pelos seus codinomes.
 
Revelações recentes mostram que a KGB continua, como antes, a mesma cruzada religiosa, apesar de a agência ter sido discretamente renomeada – FSB (1)– para promover a ideia de que a criminosa polícia política soviética, que matou mais de 20 milhões de pessoas, tinha sido dissipada pelos ventos da mudança.
No dia 5 de dezembro de 2008, morreu o patriarca russo Aleksi II. A KGB o conduziu sob o codinome “DROSDOV” e o premiou com Certificado de Honra, como mostra um arquivo da KGB acidentalmente deixado para trás na Estônia (2). Pela primeira vez na história a Rússia poderia agora eleger democraticamente um novo patriarca.
 
Em 27 de janeiro de 2009, os 700 delegados sinodais reunidos em Moscou foram presenteados com uma lista fechada com 3 candidatos. Todos, no entanto, pertenciam ao exército secreto da KGB: o metropolitano Kirill, de Smolensk, trabalhou para a KGB sob o codinome “MIKHAYLOV”; o Filaret, metropolitano de Minsk, foi identificado como tendo trabalhado para a KGB sob o codinome “OSTROVSKY”; e o Kliment, metropolitano de Kaluga, foi recentemente descoberto, tinha sido listado com o codinome “TOPAZ” [3].
Os sinos da Catedral de Cristo Salvador anunciaram em Moscou que um novo patriarca tinha sido eleito. O metropolitano Kirill, também conhecido como “MIKHAYLOV”, havia sido o vencedor. Provavelmente a KGB/FSB o considerou em uma condição melhor para executar seus projetos internacionais, domínio no qual ele concentrou seus esforços durante a maior parte de sua vida profissional. Em 1971, a KGB o enviou a Genebra (Suíça) como representante da Igreja Ortodoxa Russa no Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a maior organização ecumênica internacional depois do Vaticano, que representa aproximadamente 550 milhões de cristãos de várias denominações em 120 países. ( N. do E.: O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), desde que surgiu, representa apenas os inúmeros agentes da esquerda infiltrados em denominações cristãs diversas, que, com o apoio de milhares de idiotas úteis, endossam e fomentam, além do mais relativista e caótico liberalismo teológico, movimentos subversivos de toda espécie, incluindo aí terroristas, bem como toda a agenda do marxismo cultural: aborto, gayzismo, feminismo, etc.) O objetivo era usar sua posição no CMI para espalhar a doutrina da Teologia da Libertação – um movimento religioso marxista que nasceu na KGB – pela América Latina. Em 1975, a KGB infiltrou “MIKHAYLOV” no Comitê Central do CMI, e em 1989 a KGB o apontou como presidente de relações internacionais do patriarcado russo – posições que ele mantinha quando foi “eleito” patriarca. De fato, no seu discurso de posse ”MIKHAYLOV” anunciou que fundaria canais de televisão religiosos na Rússia que fariam transmissões internacionais.  
 
O fato de “MIKHAYLOV” ser um bilionário provavelmente também o fez mais apropriado para a Rússia, que agora é conduzida por uma cleptocracia da KGB – meu antigo colega da KGB, Vladimir Putin, que é co-proprietário de reservas de gás da Rússia, tornou-se um dos homens mais ricos da Europa. Por sua vez, “MIKHAYLOV” foi incluído no mercado livre de tabaco. A licença foi concedida a ele pelo governo Putin, que é composto, sobretudo, por antigos oficiais da KGB [4].
 
Meu primeiro contato com o empenho da KGB de utilizar a religião para ampliar a influência estrangeira do Kremlin aconteceu em 1959. “A religião é o ópio do povo” [5]. Eu ouvi Nikita Khrushchev dizer, citando a famosa máxima de Marx, “então vamos dar-lhes ópio”. O líder soviético veio a Bucareste junto com o seu principal espião, o General Sakharovsky, meu chefe de facto naquele tempo, que em 1949 tinha criado a “Securitate”, o equivalente romeno da KGB, e que se tornou seu primeiro conselheiro soviético. Khrushchev queria discutir um plano para assumir o oeste de Berlim, que havia se tornado uma rota de fuga através da qual mais de 3 milhões de europeus do leste fugiram para o Ocidente.
 
Naquele tempo eu era o chefe interino da Missão Romena na Alemanha Ocidental e chefe da estação de inteligência romena lá. Como um “especialista em Alemanha”, eu participava da maioria das discussões. “Nós chegaremos a Berlim”, Khrushchev nos assegurou. Sua “arma secreta” era Cuba. “Quando os yankees souberem que estamos em Cuba eles vão esquecer que estamos no oeste berlinense, e nós o tomaremos. Então usaremos Cuba como trampolim para lançar uma religião concebida pela KGB na América Latina”, retratada por Khrushchev como uma fortaleza já cercada que logo se renderia ao Kremlin. Complexo? Absolutamente, mas é assim que a mente de tiranos comunistas funciona.
 
Khrushchev nomeou “Teologia da Libertação” a nova religião criada pela KGB. A inclinação dela para a “libertação” foi herdada da KGB, que mais tarde criou a Organização para a “Libertação” da Palestina (OLP), o Exército de “Libertação” Nacional da Colômbia (ELN), e o Exército de “Libertação” Nacional da Bolívia. A Romênia era um país latino, e Khrushchev queria nossa “visão latina” sobre sua nova guerra de “libertação” religiosa. Ele também nos queria para enviar alguns padres que eram cooptadores ou agentes disfarçados para a América Latina – queria ver como “nós” poderíamos tornar palatável para aquela parte do mundo a sua nova Teologia da Libertação. Khrushchev obteve o nosso melhor esforço.
 
Lançar uma nova religião foi um evento histórico, e a KGB tinha se preparado cuidadosamente para isso. Naquele momento a KGB estava construindo uma nova organização religiosa internacional em Praga, chamada “Christian Peace Conference” (CPC), cujo objetivo seria espalhar a Teologia da Libertação pela América Latina. Diferentemente da Europa, a América Latina daqueles anos ainda não havia sido picada pelo besouro marxista. A maioria dos latino-americanos era pobre, camponeses devotos que tinham aceitado o status quo. A KGB pretendia infiltrar o marxismo naqueles países com a ajuda da “Christian Peace Conference”, que foi concebida para calmamente incitar os pastores a lutarem contra a “pobreza institucionalizada”.
 
Nós, romenos, contribuímos com o CPC com um pequeno exército de cooptadores e oficiais disfarçados. Para preservar o sigilo total da operação, nós também recebemos ordem para transformar todas as nossas organizações religiosas envolvidas em questão de assunto internacional dentro de entidades secretas de inteligência.
 
O novo CPC era subordinado ao respeitável Conselho Mundial da Paz (CMP) – outra criação da KGB, fundado em 1949 e agora sediado também em Praga. Quando ainda era um jovem oficial de inteligência, eu trabalhei para o CMP, e mais tarde dirigi suas operações romenas. Era genuinamente a KGB. Em 1989, quando a União Soviética estava à beira de um colapso, o CMP admitiu publicamente que 90% do seu dinheiro tinha vindo da KGB [6].  
 
O CMP publicou um periódico francês – “Courier de la Paix” – impresso em Moscou. O “Christian Peace Conference” publicou um periódico em inglês, “CPC INFORMATION”, editado pela KGB, que apresentou o CPC ao mundo como uma organização global ecumênica preocupada com os problemas da paz. O objetivo secreto do CPC, no entanto, era incitar o ódio contra o capitalismo e contra o consumismo na América Latina, e espalhar a Teologia da Libertação naquela parte do mundo.
 
Até pouco tempo eu acreditava que a “Teologia da Libertação” havia sido apenas mais um projeto descuidado de Khrushchev que desceria junto com ele pelo ralo da história. Novas revelações dos arquivos da KGB, no entanto, sugerem que a “Teologia da Libertação” foi mais bem sucedida que nos sonhos mais ousados de Khrushchev.
 
Em 1968, o CPC – criado pela KGB – foi capaz de dirigir um grupo de bispos esquerdistas sul-americanos na realização de uma Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín, na Colômbia. O propósito oficial da Conferência era superar a pobreza. O objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso, que encorajasse o pobre a se rebelar contra a “violência da pobreza institucionalizada”, e recomendá-lo ao Conselho Mundial de Igrejas para aprovação oficial. A Conferência de Medellín fez os dois. Também engoliu o nome de nascimento dado pela KGB: “Teologia da Libertação”.
A “Teologia da Libertação” foi então formalmente apresentada ao mundo pelo Conselho Mundial de Igrejas. Revelações mostram que todo o exército de cooptadores e de oficiais disfarçados da KGB foi enviado de Moscou para ajudar [7]. 

 Aqui estão alguns extratos de documentos originais da KGB conhecidos como “Arquivo Mitrokhin” (descrito pelo FBI como o mais completo e amplo já recebido de qualquer fonte), e dos documentos do Politburo liberados pelo padre Gleb Yakumin, vice-presidente da comissão parlamentar russa que investigou a manipulação da igreja promovida pela KGB.

Agosto 1969
. Agentes “Svyatoslav”, “Adamant”, “Altar”, “Magister”, “Roschin”, e “Zemnogorsky” foram enviados pela KGB até a Inglaterra para participarem no trabalho do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas. A agência [KGB] manobrou para frustrar atividade hostil [contra a Teologia da Libertação], e o agente “Kuznetsov” manejou para penetrar o diretório do CMI.

“ADAMANT”, que comandou este grupo de assalto da KGB, era o Metropolitano Nikodim. “KUZNETSOV” era Aleksey Buyevsky, secretário leigo do departamento de relações internacionais do patriarcado, comandado por Nikodim.

Fevereiro 1972
. Agentes “Svyatoslav” e “Mikhailov” foram para a Nova Zelândia e Austrália para sessões do Comitê Central do CMI.

Como indicado anteriormente, “MIKHAYLOV” é Kirill, o patriarca da Rússia.

Julho 1983
. 47 agentes de órgãos da KGB entre autoridades religiosas, clero e pessoal técnico da delegação da URSS foram enviados para Vancouver (Canadá) para a 6a Assembleia Geral do CMI.
Agosto 1989. O Comitê Central do CMI organizou uma sessão especial sobre perestroika. ... Agora a agenda do CMI é também nossa [8].

O “Arquivo Mitrokhin”, contendo cerca de 25 mil páginas de documentos da KGB altamente confidenciais, representa uma parte minúscula do arquivo completo da KGB, estimado em aproximadamente 27 bilhões de páginas (a “Stasi” da Alemanha Oriental tem 3 bilhões). Se este arquivo da KGB for realmente aberto sem ser higienizado, ele contará a verdadeira e assustadora história.
Em 1984, o Papa João Paulo II encarregou a Congregação para a Doutrina da Fé, conduzida pelo Cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, de preparar uma análise da “Teologia da Libertação”. O estudo devastador apresentou a “Teologia da Libertação” como uma combinação de “luta de classes” e “Marxismo violento” [9], dando nela um sério golpe.
 
A “Teologia da Libertação” – criada pela KGB – está ainda aumentando suas raízes na Venezuela, Bolívia, Honduras e Nicarágua, onde camponeses apoiam as tentativas dos ditadores marxistas Hugo Chávez, Evo Morales, Manuel Zelaya e Daniel Ortega de transformarem os seus países em ditaduras policiais de tipo KGB. Há poucos meses a Venezuela e a Bolívia expulsaram – na mesma semana - os embaixadores dos Estados Unidos, e apelaram à proteção militar russa. Embarcações militares e bombardeiros russos estão agora de volta a Cuba – e novamente na Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubana. O Brasil, a décima maior economia do mundo, parece estar seguindo os passos do seu governante marxista, Lula da Silva, que em 1980 criou o “Partido dos Trabalhadores” (PT), um clone do Partido Trabalhador da Romênia Comunista. Com a recente inclusão da Argentina, onde a presidente, Christina Fernandez de Kirchner, está conduzindo o país a uma dobra marxista, o mapa da América Latina aparece, sobretudo, em vermelho.
Quando a “Teologia da Libertação” foi lançada no mundo, a KGB era um Estado dentro do Estado. Agora a KGB É o Estado. Mais de 6 mil antigos oficiais da KGB são membros dos governos local e federal da Rússia, e 70% de suas atuais figuras políticas tinham associações, de uma maneira ou de outra, com a KGB [10].
Logo que moveu seus quadros para dentro do Kremlin, a “nova” KGB/FSB decidiu enviar armas nucleares para armar a teocracia religiosa anti-americana que governa o Irã. Ao mesmo tempo, centenas de técnicos russos começaram a ajudar “mullahs” iranianos a desenvolver mísseis de longo alcance que podem carregar ogivas nucleares ou bacteriológicas a qualquer lugar do Oriente Médio e da Europa [11].
A antiga manipulação da religião promovida pela KGB se transformou em uma política externa letal da Rússia.


Notas
:
[1]. Federalnaya Sluzhba Bezopasnost, Serviço de Segurança Federal da Federação Russa.
[2]. Seamus Martin, “Russian Patriarch was KGB agent, Files Say”. The Irish Times, 23 de Setembro, 2000. Publicado em [http://www.orthodox.net/russia/2000-09-23-irish-times.html].
[3]. “Russian Orthodox Church chooses between ‘ex-KGB candidates’ as patriarch,” Times Online, January 26, 2009. Christopher Andrew e Vasily Mitrokhin, The Mitrokhin Archive and the secret history of the KGB (New York, Basic Books, 1999).
[4]. Patriarca Kirril (Gunialev) [http://www.russia-ic.com/people/general/328/].
[5]. Karl Marx, “Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, 1843, que foi lançado um ano depois no próprio jornal de Marx, Deutsch-Französische Jahrbücher, uma colaboração com Arnold Ruge.  
[6]. Herbert Romerstein, Soviet Active Measures and Propaganda, Mackenzie Institute Paper no. 17 (Toronto, 1989), pp. 14-15, 25-26. WPC Peace Courier, 1989, no. 4, in Andrew and Gordievsky, KGB, p. 629.
[7]. “Manipulation of the Russian Orthodox Church & the World Council of Churches,” publicado em [http://intellit.muskingum.edu/russia_folder/pcw_era/sect_16e.htm].
[8]. New Times (revista secreta da KGB publicada em inglês para consumo no Ocidente), Julho 25-31, ed. 1989.
[9]. “Liberation Theology by Joseph Cardinal Ratzinger,” Ratzinger Home Page, publicado em [http://www.christengom-awake.org/pages/ratzinger/liberationtheol.htm].
[10]. De acordo com Gary Kasparov, “KGB State,” parte das posições governamentais russas é ocupada por antigos oficiais da KGB. The Wall Street Journal, September 18, 2003, encontrado em [http://online.wsj.com/article_print/0,,SB10638498253262300,00.html].
[11]. William Safire, “Testing Putin on Iran, The New York Times, May 23, 2002, internet edition.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

As guerras não são "os maiores assassinos do século XX"

Publicado no "The Wall Street Journal" em 7 de Julho de 1986.
Este texto foi baseado num estudo piloto que subestima em mais ou menos 42% os resultados finais.

http://www.hawaii.edu/powerkills/WSJ.ART.HTM

As guerras não são "os maiores assassinos do século XX"
por R.J. Rummel

O século XX foi conhecido por suas guerras absolutas e sanguinolentas. A Primeira Guerra Mundial viu mais de nove milhões de pessoas morrerem em batalhas, um incrível recorde que foi ultrapassado décadas depois pelos 15 milhões de mortos ao fim da Segunda Guerra Mundial. No século XX até mesmo o número de mortos por revoluções e guerra civis chegou ao seu nível histório. No total, as batalhas deste século, contando todas as guerras internacionais e domésticas, revoluções e conflitos violentos, mataram 35.654.000 pessoas.

Apesar desta vasta quantidade de mortes em guerras durante o periodo de vida de algumas pessoas que ainda estão vivas, o mais inacreditável é o seguinte fato: a quantidade de mortos nesse século por governos absolutistas ultrapassa em muito a quantidade de mortos em todas as guerras, domésticas e internacionais. Na verdade, este número já se aproxima do que poderia ser morto numa possível guerra nuclear.

A Tabela 1 sumariza os totais relevantes e classifica pelo tipo de governo (seguindo a definição da Freedom House) e guerra. Ser morto por um governo significa qualquer assassinato por um agente governamental, diretamente ou indiretamente, ou ser morto com a conivência do governo. Porém, foi contabilizado apenas quando o número de mortos ultrapassa a casa das 1.000 pessoas, exceto execuções, que são consideradas atos criminais (assassinato, estupro, espionagem, traição etc...). Estas mortes são tratadas aparte da jornada de ações e campanhas militares, ou como parte de algum conflito. Por exemplo, os Judeus que Hitler devastou durante a Segunda Guerra Mundial seriam contabilizadas porque foram sistematicamente mortos e sem nenhuma relação com o conflito da Segunda Guerra Mundial.

Os totais da tabela são baseados num levantamento nação à nação e são absolutamentos as estimativas mais baixas possíveis, o que pode menosprezar por mais ou menos 10% ou até mais o valor real. Mesmo assim, essa estimativa não leva em consideração as penúrias de 1921-1922 e 1958-1961 da União Soviética e da China que causaram 4 milhões e 27 milhões de mortes cada uma. A penúria soviética foi causada principalmente pela imposição de um política econômica agricultural, confiscações forçadas de comida e campanhas de liquidações dos Chekas; a chinesa foi causada inteiramente pela destrutiva política do Mao conhecida como o "Grande Salto para Frente" e sua estratégia de coletivização.

Apesar disso, a tabela 1 inclui a fome generalizada planejada e administrada pelo governo Soviético na Ucrânia em 1932 como uma forma de quebrar a oposição e destruir o coletivismo Ucraniâno. Como aproximadamente uns 10 milhões de pessoas morreram de fome ou morreram por doenças relacionadas a fome, eu estimo que 8 milhões de pessoas morreram neste caso. Se tivessem sidos todos mortas com um tiro, o governo Soviético não poderia ter sido mais responsável moralmente pela tragédia.

A tabela lista 831 mil pessoas mortas pelas democracias livres, o que deve alarmar a maioria dos leitores. Essa estimativa envolve o massacre Francês na Algeria antes e durante a Guerra da Algéria (no mínimo 36 mil mortos) e todos aqueles mortos depois de terem sido repatriados para os Soviéticos pela Aliança Democrática durante e depois da Segunda Guerra Mundial.

É revoltante saber que por diversas vezes - e até mesmo ultrapassando o zelo pelo Acordo de Yalta assinado por Stalin - Churchill e Roosevelt, a Aliança Democrata, particularmente a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, devolveram aos Soviéticos mais de 2.250.000 cidadões, prisioneiros de guerra e exilados Russos (que não eram cidadões Soviéticos) encontrados nas zonas da Aliança por toda a Europa. A maioria dessas pessoas estava aterrorizada com as consequencias de ser repatriado e se recusou a cooperar; normalmente a família por completa comitia suicídio. Dos repatriados, estima-se que 795.000 foram executados ou morreram em campos de trabalho forçado (escravidão) ou a caminho deles.

Se um governo deve ser responsável pelos seus prisioneiros que morreram sendo carregados ou em campos de escravidão, certamente os governos democráticos que jogaram pessoas indefesas nas mãos de ditadores totalitários e que conhecia o perigo disto, devem ser responsabilizados por estes atos.

Sobre as estatísticas de mortalidade que são mostradas nesta tabela, é realmente triste que centenas de milhares de pessoas possam ser mortas pelos governos sem que seja gerado nem um murmurinho sequer, enquanto uma guerra que mata algumas milhares de pessoas cause um imediato clamor mundial e uma reação global. Contraste a atenção internacional para a relativamente pequena guerra nas Ilhas Falkland entre Inglaterra e Argentina com a total falta de interesse: no assassinato dos Burundis; ou com o interesse na morte de mais de 100.000 Hutus em 1972; ou então com o interesse da Indonésia massacrando 600.000 comunistas em 1965; ou então do Paquistão, em um bem planejado massacre, matando algo entre um e três milhoes de Bengalês em 1971.

Um exemplo digno de nota e muito mais sensível desta hipocrisia é a Guerra do Vietnã. A comunidade internacional ficou indignada com a tentativa Americana de prevenir que o Vietnã do Norte tomasse controle do Vietnã do Sul e depois do Laos e da Cambódia. "Pare a Matança" era o grito. A pressão da oposição, tanto interna quanto externa (em relação aos EUA), forçou a retirada das tropas Americanas. A quantidade de mortos na Guerra do Vietnã, nos dois lados, foi de mais ou menos 1.216.000 pessoas.


Com a subsequente recusa dos Estados Unidos de ajudar, mesmo modestamente, o Vietnã do Sul foi derrotado militarmente e totalmente engolido pelo Vietnã do Norte; a Cambódia foi tomada pelos comunistas do Khrmer Vermelho, que tentando recriar um comunismo primitivo sobre uma sociedade agrária dilaceraram algo entre um e três milhões de Cambojanos. Se pegarmos a média de 2.000.000 como a melhor estimativa, então em quatro anos o governo deste pequena nação de sete milhões de pessoas, sozinho matou 164% o que a guerra de dez anos no Vietnã matou.
No geral, a melhor estimativa dos mortos depois da Guerra do Vietnã pelos comunistas somando o Vietnã, Laos e Camboja é de 2.270.000. Ou seja, totalizando o dobro dos que morreram na Guerra do Vietnã, porém a matança comunista ainda continua.


Para ver esta hipocrisia por uma outra perspectiva, ambas Guerras Mundiais custaram vinte e quatro milhões de vidas em batalha. Porém, entre 1918 e 1953, o governo Soviético executou, dilacerou, esfomiou, torturou até a morte ou matou de forma geral 39.500.00 pessoas do seu próprio povo (minha melhor estimativa entre 20 milhões mortos somente pelo Stalin até um total de 83 milhões por todo o período comunista). Para a China sob o comando de Mao Tse-Tung, o governo comunista eliminou, mais ou menos 45.000.000 de chineses. O número de apenas estas duas nações é mais ou menos 84.500.000 de seres humanos, ou 352% mais mortes do que as duas Guerras Mundiais juntas. Ainda assim, têm os intelectuais pelo mundo mostrado o mesmo horror, a mesma raiva, a mesma quantidade torrencial de escritos pacifistas contra os mega-assassinos governos da União Soviética e da China?

Como pode ser visto na Tabela 1, governos comunistas são, em geral, quatro vezes mais letais para seus cidadões do que governos não comunistas, e numa relação per capita são praticamente duas vezes mais letais (mesmo considerando as imensas populações da Rússia e da China).
Porém, mesmo sendo enorme taxa per capita dos países comunistas, ela fica muito próxima de outros governos não-livres. Isso se deve ao fato dos massacres e da matança generalizada no pequeno país do Timer Leste, onde desde de 1975 a Indonésia eliminou (além da guerrilha e sua violência associada) mais ou menos 100.000 Timerenses, numa população de apenas 600.000 pessoas. Retirando apenas este pequeno país a taxa dos países não-livres e não-comunistas cai para 397 por 10.000, ou seja, muito menos do que os 477 por 10.000 dos governos comunistas.
Em todo caso, ainda podemos ver pela tabela que quanto mais livre é uma nação, menos pessoas são mortas pelo governo. As liberdades previnem o uso do poder pela elite governamental para aspirar suas políticas e garantir seu comando.


Este princípio aparamente foi violado nos dois casos supra-citados. Um foi o governo Francês que causou uma matança generalizada na sua colonia Algéria, onde comparados com os franceses, os algerianos eram cidadões de segunda classe, sem direito de voto nas eleições fancesas. No outro caso a Aliança Democrática durante e depois da segunda guerra mundial, de maneira secreta, devolveu diversos estrangeiros para os governos comunistas. Estes estrangeiros, claro, por serem estrangeiros não tinham nenhum direito como cidadões que os protegiam nas democracias. Porém não encontrei nenhum caso de governos democráticos que praticaram massacres, genocídios ou execuções em massa dos seus próprios cidadões; nem encontrei nenhum caso de uma política governamental que tenha causado de maneira conhecida e direta a more em larga escala da população por privação, tortura, espancamento etc...

Absolutismo não é somente muito mais mortal que guerras, como é a maior causa de guerras e outras formas de conflitos. É a maior causa da corrida armamentista. Na verdade, absolutismo, e não guerra, é o flagelo mais mortal criados pela humanidade.
Sabendo disto, a corrida e o estímulo por liberdades civis e direitos políticos de maneira pacífica e sem violência deve ser o nosso maior objetivo. Não somente pela maior felicidade, não somente para obedecer o imperativo moral dos direitos individuais, não somente pela superior eficiência e produtividade de uma sociedade livre, porém também e principalmente para preserver a paz e a vida.
TABELA 1