quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Conselho Mundial de Igrejas (CMI): A conexão com a KGB

Artigo original: https://www.frontpagemag.com/fpm/56261/world-council-churches-kgb-connection-mark-d-tooley
em 03 de Março de 2010
escrito por Mark D. Tooley

Conselho Mundial de Igrejas (CMI): A conexão com a KGB

Novo livro detalha como os Soviéticos utilizaram o Conselho Mundial de Igrejas (CMI)

Durante as décadas de 1970 e 1980, a CMI (Conselho Mundial de Igreja), baseada em Geneva na Suiça, entidade a qual milhares de Protestantes e Ortodoxos comungaram conjuntamente, rotineiramente adotou posições pró-União-Soviética e anti-Ocidente. Inclusive com financiamentos a grupos guerrilheiros. Ao longo do tempo, alguns críticos assumiram que a CMI foi apenas inocentemente refém da "Teologia da Libertação", doutrina que troca a salvação da alma pela luta revolucionária de classes e a revolução socialista.

Porém, um novo livro, escrito por um autor Búlgaro, revela como a KGB e a inteligência Búlgara explorou a sua associação com a Igreja Ortodoxa Búlgara para diretamente influenciar a CMI e a "Conferência das Igrejas Europeias". No "Entre Fé e Compromisso", o historiador Búlgaro Momchil Metodiev relata como os Soviéticos e seus agentes Búlgaros empregaram a igreja Ortodoxa Búlgara e a CMI para promover globalmente os objetivos estratégicos da União Soviética.

"A participação da igreja Búlgara em organizações ecumênicas não foi inspirada pela idéia do diálogo interdenominacional e cooperação", Metodiev nos informa, antes do lançamento do seu livro neste mês (em 2010). "Se, na percepção popular, as organizações de segurança do Estado são classificadas como um Estado dentro do Estado, então estas atividades ecumênicas, conduzidas pelos representantes do Bloco Soviético, podem ser consideravas uma Igreja dentro da Igreja", escreveu Metodiev, que pesquisou os arquivos Comunistas da Bulgária para o "Projeto de História Internacional da Guerra Fria" do Instituto Woodrow Wilson que fica em Washington, D.C, nos Estados Unidos. 

Segundo Metodiev, a inteligência Búlgara já tinha identificado a CMI como "alvo para penetração" antes mesmo que a Bulgária e outras igrejas do Bloco Oriental tivessem entrado para a CMI em 1961. Ele também explica no seu novo livro como os serviços de inteligência do Bloco Oriental e os Comitês Comunistas sobre assuntos das Igrejas colaboraram para influenciar grupos ecumênicos, como a CMI. Metodiev escreve que durante a década de 1970, o bispo da Igreja Ortodoxa Russa da cidade de Leningrado, Boris Georgiyevich Rotov, também conhecido como Nikodim, sob ordens da KGB, comandou esta colaboração, enquanto o bispo da Igreja Ortodoxa Búlgara da cidade de Stara Zagora, Pankratii, fez a sua parte na Bulgária. Nikodim, que previsivelmente trabalhou em união com a frente Soviética, ajudou a "Confererência da Paz Cristã", organização baseada em Praga na Bulgária, a se tornar o presidente da CMI em 1975, após amedrontar delegações do Terceiro Mundo com ameaças que a ajuda financeira da União Soviética seria cortada caso elas não cooperassem.

Os serviços de inteligência do Bloco Oriental, utilizando as igrejas dos países Orientais que faziam parte da CMI, ajudaram a garantir que a CMI mantivesse seu foco em criticar os Estados Unidos e seus aliados, enquanto desviava qualquer interesse em abusos dos Direitos Humanos do Bloco Oriental e Soviético. Metodiev diz que uma rara exceção aconteceu numa assembléia em 1975 em Nairobi no Quênia, quando alguns delegados tentaram abordar uma discussão sobre repressão religiosa na União Soviética. Neste encontro, um delegado Suíço chamado Jacques Rossel propôs a seguinte posição: "A CMI se mostra preocupada com as infrações sobre liberdade religiosa, especialmente na União Soviética. Esta Assembléia Geral respeitosamente pede ao governo da União Soviética para obedecer o Artigo 7 do Acordos de Helsínquia".

Até mesmo esta crítica bastante branda iniciou uma tempestade de controvérsias dentro da ala extrema-esquerda da CMI e falhou em conseguir os dois-terços dos votos das delegações da CMI. Uma sátira apareceu no salão de exibições da CMI parodiando o tema da conferência que era "Cristo Libera e Une" para "Cristo liberou Jacques Rossel para fazer a sua moção; ele uniu os delegados da Europa Oriental; porém, irá ele dividir a CMI?".

No meio desta confusão, totalmente diferente da calmaria das posições pro-União-Soviética da CMI, os delegados aprovaram um novo compromisso para o próximo dia, e sem nenhuma vergonha declararam que "tendo gasto um considerável tempo debatendo os supostos não cumprimentos das liberdades religiosas da União Soviética" conclui que "as igrejas em diferentes partes da Europa vivem e trabalham sob diferentes condições". Até mesmo esta não-crítica da União Soviética foi demais pra os delegados Russos, que se abstiveram em protesto "da embaraçosa atmosfera que a discussão infelizmente inflamou". Após este episódio de 1975, a CMI começou a evitar quaisquer tentativas de, até mesmo de tacitamente, admitir qualquer problema com liberdade religiosa em todo o Bloco Oriental.

O livro de Metodiev aborda este evento de 1975 e revela, também, que os serviços de inteligência da União Soviética e da Bulgária fizeram de tudo para garantir a seleção do Búlgaro Todor Sabev como Secretário Geral da CMI.

Sabev era professor de um Seminário em Sofia, na Bulgária, e fundou o "Instituto de História da Igreja" e os "Arquivos do Patriarcado da Bulgária" para a igreja Búlgara. Ele se envolveu imediatamente com a CMI após a entrada da Bulgária, servindo os Comitês Centrais e Executivos da CMI nas décadas de 1960 e 1970. Em 1979 ele se tornou o Secretário Geral da CMI, focando os laços da CMI com as igrejas Ortodoxa e com a Católica Romana até sua aposentadoria em 1993. "Um amigo e colega devoto, ganhou a confiança e confidência de todos com quem trabalhou", relembra o novo Secretário Geral Samuel Kobia quando da morte de Sabev em 2008. "Ele será lembrado por sua bondade e sua sinceridade, sempre pronto para servir a todos, em qualquer momento, sob quaisquer circunstâncias. Por conta da sua personalidade que combinava autoridade moral com calor humano, ele fez o papel de construtor-de-pontes entre o Oriente e o Ocidente, entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica Romana". Claro, Kobia não citou a longa lista de serviço como agente ao Comunismo da Europa Oriental de Sabev.

Num relatório da "Agência de Notícias Internacionais Ecumênicas" (ENI), a CMI oficialmente tentou minimizar algumas acusações sem nunca negá-las. "Estas alegações não são novas", insistiu Martin Robra, Diretor da CMI. "Até mesmo durante a Guerra Fria, já era largamente sabido que os representantes das igrejas dos países Comunistas eram obrigados a reportar todas as suas atividades para as autoridades dos seus países." Claro, durante a Guerra Fria, a CMI nunca reconheceu esta situação e sempre preferiu fazer de conta que as igrejas do Bloco Oriental eram livres e que não eram mais manipuladas do que as Igrejas Ocidentais. "As Atas e políticas da CMI são totalmente públicas. Não há segredos a serem descobertos", Robra afirmou a ENI. "Foi muito mais importante nutrir este relacionamento com as igrejas detrás da Cortina de Ferro e ajudá-las o máximo possível, do que dividir as nações."

Apenas após o colapso do Bloco Oriental Comunista que alguns dos oficiais da CMI timidamente admitiram que eles deveriam ter falado mais sobre a opressão religiosa sob o Comunismo. Porém, até hoje, eles tentam empurrar alegações que a cooperação com as igrejas do Bloco Oriental, e até com os governos Comunistas, abriu diversas portas e que foi fundamental para a conclusão pacífica da Guerra Fria. "As posições da CMI à favor da justiça e da paz nunca seguiu nenhum plano da KGB, e sim do Gospel de Cristo, o príncipe da Paz, aquele que comunga dentre os mais vulneráveis e sofridos", Robra assegurou a ENI.

Livros como este do Metodiev, baseados em pesquisas dos arquivos Comunistas, estão incrementalmente confirmando que a CMI e diversos outros grupos religiosos seguiram sim os planos da KGB durante a Guerra Fria. A pergunta que fica é, já que a CMI continua a sua defesa da extrema-esquerda, qual plano eles estão seguindo agora?