quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Maquiavel Pedagogo




"Uma re​volução pe​dagógica ba​seada nos re​sultados da pes​quisa psi​copedagógica está em cur​so no mun​do in​tei​ro. [...] Essa re​vo​lu​ção pe​da​gó​gi​ca visa a im​por uma “éti​ca vol​ta​da para a cri​a​ção de uma nova so​ci​e​da​de” [...] A nova éti​ca não é ou​tra coi​sa se​não uma so​fis​ti​ca​da re​a​pre​sen​ta​ção da uto​pia co​mu​nis​ta. [...] sob o man​to da éti​ca, e sus​ten​ta​da por uma re​tó​ri​ca e por uma di​a​lé​ti​ca fre​quen​te​men​te no​tá​veis, en​con​tra-se a ide​o​lo​gia co​mu​nis​ta, da qual ape​nas a apa​rên​cia e os mo​dos de ação fo​ram mo​di​fi​ca​dos."

Download (PDF / Mobi/ ePub)

http://lelivros.love/book/download-maquiavel-pedagogo-pascal-bernardin-em-epub-mobi-e-pdf/

Trechos do Capítulo 3

Em 1964, a Unes​co pu​bli​cou um im​por​tan​te tra​ba​lho, in​ti​tu​la​do \"A mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des\". Em prin​cí​pio, tal obra tra​ta das ati​tu​des in​ter​gru​pos – ra​ci​ais, re​li​gi​o​sas e ét​ni​cas –, mas as téc​ni​cas ali des​cri​tas [...] são per​fei​ta​men​te apli​cá​veis a vá​ri​os ou​tros do​mí​ni​os, como o au​tor mes​mo re​co​nhe​ce.

A ex​ten​são do cam​po de apli​ca​ção des​sas téc​ni​cas de mani​pu​la​ção psi​co​ló​gi​ca, que atu​al​men​te abrange o sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal fran​cês, jus​ti​fi​ca a im​por​tân​cia que da​mos a tal obra.

Ade​mais, a fi​lo​so​fia po​lí​ti​ca cla​ra​men​te ma​ni​pu​la​tó​ria que fun​da​men​ta tais prá​ti​cas pres​supõe um despre​zo ab​so​lu​to pela li​ber​da​de e dig​ni​da​de hu​ma​nas e pela de​mo​cra​cia. Ver-se-á que o au​tor visa ex​pli​ci​ta​men​te à di​fu​são das téc​ni​cas de ma​ni​pu​la​ção psi​co​ló​gi​ca nas es​co​las.

Com​preen​de-se fa​cil​men​te, por​tan​to, a aver​são ma​ni​fes​ta​da por mui​tos da​que​les quem veem o nos​so sis​te​ma edu​ca​ci​o​nal ser in​va​di​do pe​las psi​co​pe​da​go​gi​as: uma mu​dan​ça de va​lo​res cons​ti​tui uma re​volu​ção – psi​co​ló​gi​ca – mui​to mais pro​fun​da que uma re​vo​lu​ção so​ci​al.

No​te​mos, con​tu​do, para res​ta​be​le​cer a ver​da​de, que não é um au​men​to da edu​caç​ão que leva ao mundi​a​lis​mo, ao ma​te​ri​a​lis​mo e à per​mis​si​vi​da​de – o que con​duz a isso é um au​men​to da edu​ca​ção revo​lu​ci​o​ná​ria. Te​ria es​que​ci​do o au​tor que os sé​cu​los pas​sa​dos pu​de​ram con​tar com ho​mens eruditos, cuja cul​tu​ra, essa sim au​tên​ti​ca, nada ti​nha que in​ve​jar às pro​du​ções de Jack Lang?

Resumo do documento "E.E. Da​vis, La mo​di​fi​ca​ti​on des at​ti​tu​des, Rap​port et do​cu​ments de sci​en​ces so​ci​a​les, n° 19, Pa​ris, Unes​co, 1964.\"

No que con​cer​ne à for​ma​ção e à mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des da so​ci​e​da​de em ge​ral, os co​ro​lá​ri​os dos resul​ta​dos aci​ma men​ci​o​na​dos são evi​den​tes (página  24).
Os co​ro​lá​ri​os des​ses re​sul​ta​dos, para a mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des no pla​no da vida da so​ci​al, são eviden​tes (p. 40).
Po​de​mos por​tan​to con​cluir que, in​con​tes​ta​vel​men​te, pos​su​í​mos co​nhe​ci​men​tos cuja apli​ca​ção generali​za​da nos per​mi​te atin​gir nos​sos ob​je​ti​vos, a sa​ber:
- aper​fei​ço​ar as ati​tu​des in​ter​gru​pos e as re​la​ções en​tre gru​pos.

Evi​den​te​men​te, a ques​tão que se co​lo​ca é a de sa​ber como se po​dem apli​car es​ses mé​to​dos em lar​ga es​ca​la.

Esse pro​ces​so não se dará sem di​fi​cul​da​des, mas tais di​fi​cul​da​des não são in​su​pe​rá​veis (páginas 48-49).

Os es​tu​dos ori​en​ta​dos para a co​mu​ni​da​de, os quais le​vam em  con​ta esse fato [a ten​dên​cia à conformida​de aos cos​tu​mes  es​ta​be​le​ci​dos], vi​sam à “re​con​ver​são”, em cer​to sen​ti​do, de comunidades in​tei​ras, nas quais é ne​ces​sá​ria a mo​di​fi​ca​ção  das nor​mas e das prá​ti​cas es​ta​be​le​ci​das, a fim de aper​fei​ço​ar  as ati​tu​des in​ter​gru​pos e de co​lo​car to​dos os gru​pos em pé de igual​da​de. Para tanto, faz-se ne​ces​sá​rio ape​lar ao au​xí​lio de po​lí​ti​cos, de lí​de​res co​mu​ni​tá​ri​os, de emis​so​ras de rá​dio, da im​pren​sa lo​cal e de ou​tros “for​ma​do​res de opi​ni​ão”, a fim de pro​vo​car as mu​dan​ças na comunidade in​tei​ra (p. 55).

En​tre as te​o​ri​as re​la​ti​va​men​te re​cen​tes que têm es​ti​mu​la​do as pes​qui​sas, en​con​tra-se a da “dissonância cog​ni​ti​va”, de Fes​tin​ger (1957) (p.39).

Um dos co​ro​lá​ri​os da te​o​ria de Fes​tin​ger é o fato de que uma de​cla​ra​ção ou ação pú​bli​cas em desacordo com a opi​ni​ão  pri​va​da do su​jei​to po​dem ge​rar nele uma dis​so​nân​cia cog​ni​ti​va e, as​sim, em di​ver​sos ca​sos, acar​re​tar uma mo​di​fi​ca​ção de ati​tu​de.

Ou​tras pro​vas des​sa re​sis​tên​cia [a se dei​xar in​flu​en​ci​ar pe​los mé​to​dos de in​tros​pec​ção] fo​ram apresenta​das por Cul​bert​son (1955). Esse au​tor des​co​briu que o psi​co​dra​ma cons​ti​tui um  meio geralmen​te mais efi​caz para mo​di​fi​car tais ati​tu​des.

[...] o pro​ces​so edu​ca​ci​o​nal não con​sis​te ape​nas na trans​mis​são  de in​for​ma​ções.

Na me​di​da em que o gru​po de pa​res re​pre​sen​ta para a cri​an​ça um qua​dro de re​fe​rên​cia, ele con​tri​bui em lar​ga me​di​da para  a  mo​di​fi​ca​ção das ati​tu​des so​ci​ais (p. 45).

A con​clu​são que se pode ti​rar des​ses es​tu​dos é que, mes​mo que as ati​tu​des in​ter​gru​pos ne​ga​ti​vas se for​mem, fre​quen​te​men​te me​di​an​te a ado​ção da nor​ma da cé​lu​la fa​mi​li​ar, gru​po pri​má​rio – e os programas de ação bem po​de​ri​am le​var em con​ta os pais, en​quan​to agen​tes de mo​di​fi​ca​ção de atitudes –, ain​da as​sim  não de​ve​mos nos dei​xar de​sen​co​ra​jar por tais di​fi​cul​da​des.

Os gru​pos de pa​res, so​bre​tu​do aque​les que se for​mam no âm​bi​to da es​co​la ou da uni​ver​si​da​de, po​dem mui​to bem tor​nar-se gru​pos de re​fe​rên​cia e pro​mo​ver um efei​to po​si​ti​vo so​bre a mo​di​fi​ca​ção das atitudes, con​tri​bu​in​do des​sa for​ma a di​ri​mir o “atra​so cul​tu​ral”.

No que con​cer​ne às re​la​ções en​tre pais e fi​lhos, en​con​tra​mo-nos  di​an​te do se​guin​te pro​ble​ma: para con​du​zir as cri​an​ças de modo a aper​fei​ço​ar as re​la​ções en​tre gru​pos, ne​ces​sá​rio se​ria  co​me​çar pela modi​fi​ca​ção de seus pais (p. 45).

Não de mo​des​tos acrés​ci​mos ao nos​so atu​al pro​gra​ma de en​si​no,  mas sim de trans​for​ma​ções profundas em nos​so pla​no de es​tu​dos,  em nos​so modo de se​le​ção de pro​fes​so​res e em toda nos​sa concep​ção de en​si​no pú​bli​co.

De​ve​mos re​fle​tir so​bre a ne​ces​si​da​de, para to​dos os di​ri​gen​tes da área da edu​ca​ção, de uma reorientação e de com​pe​tên​ci​as de or​dem po​lí​ti​ca” (p. 47).

Sem dú​vi​da, é di​fi​cil​men​te ima​gi​ná​vel que uma só pes​soa ou  mes​mo um pe​que​no gru​po de pes​so​as pos​sa mu​dar com​ple​ta​men​te,  do dia para a noi​te, uma so​ci​e​da​de mo​der​na, de es​tru​tu​ra  de​mo​crá​ti​ca e plu​ra​lis​ta.

Por ou​tro lado, não é im​pro​vá​vel que, me​di​an​te es​for​ços con​cre​tos e com a apli​ca​ção de conhecimentos mo​der​nos, gru​pos de in​di​ví​duos pos​sam ace​le​rar a evo​lu​ção so​ci​al de ma​nei​ra a redimir cer​tos “atra​sos cul​tu​rais”, nem se pode di​zer que tais gru​pos não de​vam em​preen​der tal ação (p. 57).

Po​rém, se con​si​de​ra​mos os mei​os de in​for​ma​ção, sob um ân​gu​lo  mais vas​to, como ins​tru​men​tos que per​mi​tem à so​ci​e​da​de  mo​di​fi​car as ati​tu​des dos in​di​ví​duos num sen​ti​do de​se​ja​do, im​por​ta exa​mi​nar a ques​tão re​la​ti​va à in​ten​ção que ori​en​ta o em​pre​go dos mei​os de co​mu​ni​ca​ção; dito de ou​tra for​ma: tra​ta-se de sa​ber quem dispõe des​ses mei​os. Evi​den​te​men​te,  essa ques​tão é bas​tan​te de​li​ca​da, e traz con​si​go im​por​tan​tes  im​pli​ca​ções po​lí​ti​cas, que não ire​mos pon​de​rar aqui. De  qual​quer modo, cabe-nos ob​ser​var que tal ques​tão não pode ser ne​gli​gen​ci​a​da in​de​fi​ni​da​men​te (p. 59).

Vídeos



terça-feira, 30 de abril de 2013

A cruzada religiosa do Kremlin

Original
 
Traduzido em:
 
Ion Mihai Pacepa (Lt. Gen. R) é o mais alto funcionário do bloco soviético ao qual foi concedido asilo político nos Estados Unidos. No Natal de 1989, Ceausescu e sua mulher foram executados depois de um julgamento – as acusações presentes no processo foram publicadas quase que palavra-por-palavra no livro de Pacepa, “Red Horizons”, posteriormente traduzido para 27 idiomas.
 
Tradução: Bruno Braga
 
 
Se você pensa que a Rússia se tornou nossa amiga, pense novamente. Não vamos gastar todo o nosso dinheiro em bem-estar e em aquecimento global. A “eleição” do novo patriarca da Rússia em 2009 mostra que ainda precisamos nos defender contra os sonhos imperiais do Kremlin.
 
Há tempos o Kremlin usa a religião para manipular as pessoas. Os czares utilizaram a Igreja para instilar a obediência doméstica. Os governantes soviéticos apaziguaram a população com a KGB, mas eles sonhavam com a revolução mundial. Depois que a casa já tinha sido acalmada, então eles encarregaram a KGB de trabalhar – através da igreja – para ajudar o Kremlin a expandir sua influência na América Latina. Desde Pedro, o Grande, os czares russos conservam a obsessão de encontrar um meio para entrar no Novo Mundo.
Criar um exército secreto de inteligência formado por servos religiosos, e utilizá-lo para promover os interesses do Kremlin no exterior, foi um trabalho importante para a KGB ao longo dos 27 anos em que fiz parte dela. Centenas de religiosos que não cooperavam foram assassinados ou enviados para os Gulags. Os complacentes foram utilizados. Como não era permitido aos padres serem agentes da KGB, eles assumiram a condição de cooptador ou de agente disfarçado. Um cooptador recebia privilégios da KGB (promoções, viagens internacionais, cigarros e bebidas importados, etc.). Um agente disfarçado gozava dos mesmos privilégios, além de receber um salário suplementar secreto de acordo com a sua posição real ou imaginária na KGB. Para preservar o sigilo, todos os padres que se tornaram cooptadores ou agentes disfarçados eram conhecidos, dentro da KGB, apenas pelos seus codinomes.
 
Revelações recentes mostram que a KGB continua, como antes, a mesma cruzada religiosa, apesar de a agência ter sido discretamente renomeada – FSB (1)– para promover a ideia de que a criminosa polícia política soviética, que matou mais de 20 milhões de pessoas, tinha sido dissipada pelos ventos da mudança.
No dia 5 de dezembro de 2008, morreu o patriarca russo Aleksi II. A KGB o conduziu sob o codinome “DROSDOV” e o premiou com Certificado de Honra, como mostra um arquivo da KGB acidentalmente deixado para trás na Estônia (2). Pela primeira vez na história a Rússia poderia agora eleger democraticamente um novo patriarca.
 
Em 27 de janeiro de 2009, os 700 delegados sinodais reunidos em Moscou foram presenteados com uma lista fechada com 3 candidatos. Todos, no entanto, pertenciam ao exército secreto da KGB: o metropolitano Kirill, de Smolensk, trabalhou para a KGB sob o codinome “MIKHAYLOV”; o Filaret, metropolitano de Minsk, foi identificado como tendo trabalhado para a KGB sob o codinome “OSTROVSKY”; e o Kliment, metropolitano de Kaluga, foi recentemente descoberto, tinha sido listado com o codinome “TOPAZ” [3].
Os sinos da Catedral de Cristo Salvador anunciaram em Moscou que um novo patriarca tinha sido eleito. O metropolitano Kirill, também conhecido como “MIKHAYLOV”, havia sido o vencedor. Provavelmente a KGB/FSB o considerou em uma condição melhor para executar seus projetos internacionais, domínio no qual ele concentrou seus esforços durante a maior parte de sua vida profissional. Em 1971, a KGB o enviou a Genebra (Suíça) como representante da Igreja Ortodoxa Russa no Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a maior organização ecumênica internacional depois do Vaticano, que representa aproximadamente 550 milhões de cristãos de várias denominações em 120 países. ( N. do E.: O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), desde que surgiu, representa apenas os inúmeros agentes da esquerda infiltrados em denominações cristãs diversas, que, com o apoio de milhares de idiotas úteis, endossam e fomentam, além do mais relativista e caótico liberalismo teológico, movimentos subversivos de toda espécie, incluindo aí terroristas, bem como toda a agenda do marxismo cultural: aborto, gayzismo, feminismo, etc.) O objetivo era usar sua posição no CMI para espalhar a doutrina da Teologia da Libertação – um movimento religioso marxista que nasceu na KGB – pela América Latina. Em 1975, a KGB infiltrou “MIKHAYLOV” no Comitê Central do CMI, e em 1989 a KGB o apontou como presidente de relações internacionais do patriarcado russo – posições que ele mantinha quando foi “eleito” patriarca. De fato, no seu discurso de posse ”MIKHAYLOV” anunciou que fundaria canais de televisão religiosos na Rússia que fariam transmissões internacionais.  
 
O fato de “MIKHAYLOV” ser um bilionário provavelmente também o fez mais apropriado para a Rússia, que agora é conduzida por uma cleptocracia da KGB – meu antigo colega da KGB, Vladimir Putin, que é co-proprietário de reservas de gás da Rússia, tornou-se um dos homens mais ricos da Europa. Por sua vez, “MIKHAYLOV” foi incluído no mercado livre de tabaco. A licença foi concedida a ele pelo governo Putin, que é composto, sobretudo, por antigos oficiais da KGB [4].
 
Meu primeiro contato com o empenho da KGB de utilizar a religião para ampliar a influência estrangeira do Kremlin aconteceu em 1959. “A religião é o ópio do povo” [5]. Eu ouvi Nikita Khrushchev dizer, citando a famosa máxima de Marx, “então vamos dar-lhes ópio”. O líder soviético veio a Bucareste junto com o seu principal espião, o General Sakharovsky, meu chefe de facto naquele tempo, que em 1949 tinha criado a “Securitate”, o equivalente romeno da KGB, e que se tornou seu primeiro conselheiro soviético. Khrushchev queria discutir um plano para assumir o oeste de Berlim, que havia se tornado uma rota de fuga através da qual mais de 3 milhões de europeus do leste fugiram para o Ocidente.
 
Naquele tempo eu era o chefe interino da Missão Romena na Alemanha Ocidental e chefe da estação de inteligência romena lá. Como um “especialista em Alemanha”, eu participava da maioria das discussões. “Nós chegaremos a Berlim”, Khrushchev nos assegurou. Sua “arma secreta” era Cuba. “Quando os yankees souberem que estamos em Cuba eles vão esquecer que estamos no oeste berlinense, e nós o tomaremos. Então usaremos Cuba como trampolim para lançar uma religião concebida pela KGB na América Latina”, retratada por Khrushchev como uma fortaleza já cercada que logo se renderia ao Kremlin. Complexo? Absolutamente, mas é assim que a mente de tiranos comunistas funciona.
 
Khrushchev nomeou “Teologia da Libertação” a nova religião criada pela KGB. A inclinação dela para a “libertação” foi herdada da KGB, que mais tarde criou a Organização para a “Libertação” da Palestina (OLP), o Exército de “Libertação” Nacional da Colômbia (ELN), e o Exército de “Libertação” Nacional da Bolívia. A Romênia era um país latino, e Khrushchev queria nossa “visão latina” sobre sua nova guerra de “libertação” religiosa. Ele também nos queria para enviar alguns padres que eram cooptadores ou agentes disfarçados para a América Latina – queria ver como “nós” poderíamos tornar palatável para aquela parte do mundo a sua nova Teologia da Libertação. Khrushchev obteve o nosso melhor esforço.
 
Lançar uma nova religião foi um evento histórico, e a KGB tinha se preparado cuidadosamente para isso. Naquele momento a KGB estava construindo uma nova organização religiosa internacional em Praga, chamada “Christian Peace Conference” (CPC), cujo objetivo seria espalhar a Teologia da Libertação pela América Latina. Diferentemente da Europa, a América Latina daqueles anos ainda não havia sido picada pelo besouro marxista. A maioria dos latino-americanos era pobre, camponeses devotos que tinham aceitado o status quo. A KGB pretendia infiltrar o marxismo naqueles países com a ajuda da “Christian Peace Conference”, que foi concebida para calmamente incitar os pastores a lutarem contra a “pobreza institucionalizada”.
 
Nós, romenos, contribuímos com o CPC com um pequeno exército de cooptadores e oficiais disfarçados. Para preservar o sigilo total da operação, nós também recebemos ordem para transformar todas as nossas organizações religiosas envolvidas em questão de assunto internacional dentro de entidades secretas de inteligência.
 
O novo CPC era subordinado ao respeitável Conselho Mundial da Paz (CMP) – outra criação da KGB, fundado em 1949 e agora sediado também em Praga. Quando ainda era um jovem oficial de inteligência, eu trabalhei para o CMP, e mais tarde dirigi suas operações romenas. Era genuinamente a KGB. Em 1989, quando a União Soviética estava à beira de um colapso, o CMP admitiu publicamente que 90% do seu dinheiro tinha vindo da KGB [6].  
 
O CMP publicou um periódico francês – “Courier de la Paix” – impresso em Moscou. O “Christian Peace Conference” publicou um periódico em inglês, “CPC INFORMATION”, editado pela KGB, que apresentou o CPC ao mundo como uma organização global ecumênica preocupada com os problemas da paz. O objetivo secreto do CPC, no entanto, era incitar o ódio contra o capitalismo e contra o consumismo na América Latina, e espalhar a Teologia da Libertação naquela parte do mundo.
 
Até pouco tempo eu acreditava que a “Teologia da Libertação” havia sido apenas mais um projeto descuidado de Khrushchev que desceria junto com ele pelo ralo da história. Novas revelações dos arquivos da KGB, no entanto, sugerem que a “Teologia da Libertação” foi mais bem sucedida que nos sonhos mais ousados de Khrushchev.
 
Em 1968, o CPC – criado pela KGB – foi capaz de dirigir um grupo de bispos esquerdistas sul-americanos na realização de uma Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín, na Colômbia. O propósito oficial da Conferência era superar a pobreza. O objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso, que encorajasse o pobre a se rebelar contra a “violência da pobreza institucionalizada”, e recomendá-lo ao Conselho Mundial de Igrejas para aprovação oficial. A Conferência de Medellín fez os dois. Também engoliu o nome de nascimento dado pela KGB: “Teologia da Libertação”.
A “Teologia da Libertação” foi então formalmente apresentada ao mundo pelo Conselho Mundial de Igrejas. Revelações mostram que todo o exército de cooptadores e de oficiais disfarçados da KGB foi enviado de Moscou para ajudar [7]. 

 Aqui estão alguns extratos de documentos originais da KGB conhecidos como “Arquivo Mitrokhin” (descrito pelo FBI como o mais completo e amplo já recebido de qualquer fonte), e dos documentos do Politburo liberados pelo padre Gleb Yakumin, vice-presidente da comissão parlamentar russa que investigou a manipulação da igreja promovida pela KGB.

Agosto 1969
. Agentes “Svyatoslav”, “Adamant”, “Altar”, “Magister”, “Roschin”, e “Zemnogorsky” foram enviados pela KGB até a Inglaterra para participarem no trabalho do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas. A agência [KGB] manobrou para frustrar atividade hostil [contra a Teologia da Libertação], e o agente “Kuznetsov” manejou para penetrar o diretório do CMI.

“ADAMANT”, que comandou este grupo de assalto da KGB, era o Metropolitano Nikodim. “KUZNETSOV” era Aleksey Buyevsky, secretário leigo do departamento de relações internacionais do patriarcado, comandado por Nikodim.

Fevereiro 1972
. Agentes “Svyatoslav” e “Mikhailov” foram para a Nova Zelândia e Austrália para sessões do Comitê Central do CMI.

Como indicado anteriormente, “MIKHAYLOV” é Kirill, o patriarca da Rússia.

Julho 1983
. 47 agentes de órgãos da KGB entre autoridades religiosas, clero e pessoal técnico da delegação da URSS foram enviados para Vancouver (Canadá) para a 6a Assembleia Geral do CMI.
Agosto 1989. O Comitê Central do CMI organizou uma sessão especial sobre perestroika. ... Agora a agenda do CMI é também nossa [8].

O “Arquivo Mitrokhin”, contendo cerca de 25 mil páginas de documentos da KGB altamente confidenciais, representa uma parte minúscula do arquivo completo da KGB, estimado em aproximadamente 27 bilhões de páginas (a “Stasi” da Alemanha Oriental tem 3 bilhões). Se este arquivo da KGB for realmente aberto sem ser higienizado, ele contará a verdadeira e assustadora história.
Em 1984, o Papa João Paulo II encarregou a Congregação para a Doutrina da Fé, conduzida pelo Cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, de preparar uma análise da “Teologia da Libertação”. O estudo devastador apresentou a “Teologia da Libertação” como uma combinação de “luta de classes” e “Marxismo violento” [9], dando nela um sério golpe.
 
A “Teologia da Libertação” – criada pela KGB – está ainda aumentando suas raízes na Venezuela, Bolívia, Honduras e Nicarágua, onde camponeses apoiam as tentativas dos ditadores marxistas Hugo Chávez, Evo Morales, Manuel Zelaya e Daniel Ortega de transformarem os seus países em ditaduras policiais de tipo KGB. Há poucos meses a Venezuela e a Bolívia expulsaram – na mesma semana - os embaixadores dos Estados Unidos, e apelaram à proteção militar russa. Embarcações militares e bombardeiros russos estão agora de volta a Cuba – e novamente na Venezuela – pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubana. O Brasil, a décima maior economia do mundo, parece estar seguindo os passos do seu governante marxista, Lula da Silva, que em 1980 criou o “Partido dos Trabalhadores” (PT), um clone do Partido Trabalhador da Romênia Comunista. Com a recente inclusão da Argentina, onde a presidente, Christina Fernandez de Kirchner, está conduzindo o país a uma dobra marxista, o mapa da América Latina aparece, sobretudo, em vermelho.
Quando a “Teologia da Libertação” foi lançada no mundo, a KGB era um Estado dentro do Estado. Agora a KGB É o Estado. Mais de 6 mil antigos oficiais da KGB são membros dos governos local e federal da Rússia, e 70% de suas atuais figuras políticas tinham associações, de uma maneira ou de outra, com a KGB [10].
Logo que moveu seus quadros para dentro do Kremlin, a “nova” KGB/FSB decidiu enviar armas nucleares para armar a teocracia religiosa anti-americana que governa o Irã. Ao mesmo tempo, centenas de técnicos russos começaram a ajudar “mullahs” iranianos a desenvolver mísseis de longo alcance que podem carregar ogivas nucleares ou bacteriológicas a qualquer lugar do Oriente Médio e da Europa [11].
A antiga manipulação da religião promovida pela KGB se transformou em uma política externa letal da Rússia.


Notas
:
[1]. Federalnaya Sluzhba Bezopasnost, Serviço de Segurança Federal da Federação Russa.
[2]. Seamus Martin, “Russian Patriarch was KGB agent, Files Say”. The Irish Times, 23 de Setembro, 2000. Publicado em [http://www.orthodox.net/russia/2000-09-23-irish-times.html].
[3]. “Russian Orthodox Church chooses between ‘ex-KGB candidates’ as patriarch,” Times Online, January 26, 2009. Christopher Andrew e Vasily Mitrokhin, The Mitrokhin Archive and the secret history of the KGB (New York, Basic Books, 1999).
[4]. Patriarca Kirril (Gunialev) [http://www.russia-ic.com/people/general/328/].
[5]. Karl Marx, “Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, 1843, que foi lançado um ano depois no próprio jornal de Marx, Deutsch-Französische Jahrbücher, uma colaboração com Arnold Ruge.  
[6]. Herbert Romerstein, Soviet Active Measures and Propaganda, Mackenzie Institute Paper no. 17 (Toronto, 1989), pp. 14-15, 25-26. WPC Peace Courier, 1989, no. 4, in Andrew and Gordievsky, KGB, p. 629.
[7]. “Manipulation of the Russian Orthodox Church & the World Council of Churches,” publicado em [http://intellit.muskingum.edu/russia_folder/pcw_era/sect_16e.htm].
[8]. New Times (revista secreta da KGB publicada em inglês para consumo no Ocidente), Julho 25-31, ed. 1989.
[9]. “Liberation Theology by Joseph Cardinal Ratzinger,” Ratzinger Home Page, publicado em [http://www.christengom-awake.org/pages/ratzinger/liberationtheol.htm].
[10]. De acordo com Gary Kasparov, “KGB State,” parte das posições governamentais russas é ocupada por antigos oficiais da KGB. The Wall Street Journal, September 18, 2003, encontrado em [http://online.wsj.com/article_print/0,,SB10638498253262300,00.html].
[11]. William Safire, “Testing Putin on Iran, The New York Times, May 23, 2002, internet edition.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

As guerras não são "os maiores assassinos do século XX"

Publicado no "The Wall Street Journal" em 7 de Julho de 1986.
Este texto foi baseado num estudo piloto que subestima em mais ou menos 42% os resultados finais.

http://www.hawaii.edu/powerkills/WSJ.ART.HTM

As guerras não são "os maiores assassinos do século XX"
por R.J. Rummel

O século XX foi conhecido por suas guerras absolutas e sanguinolentas. A Primeira Guerra Mundial viu mais de nove milhões de pessoas morrerem em batalhas, um incrível recorde que foi ultrapassado décadas depois pelos 15 milhões de mortos ao fim da Segunda Guerra Mundial. No século XX até mesmo o número de mortos por revoluções e guerra civis chegou ao seu nível histório. No total, as batalhas deste século, contando todas as guerras internacionais e domésticas, revoluções e conflitos violentos, mataram 35.654.000 pessoas.

Apesar desta vasta quantidade de mortes em guerras durante o periodo de vida de algumas pessoas que ainda estão vivas, o mais inacreditável é o seguinte fato: a quantidade de mortos nesse século por governos absolutistas ultrapassa em muito a quantidade de mortos em todas as guerras, domésticas e internacionais. Na verdade, este número já se aproxima do que poderia ser morto numa possível guerra nuclear.

A Tabela 1 sumariza os totais relevantes e classifica pelo tipo de governo (seguindo a definição da Freedom House) e guerra. Ser morto por um governo significa qualquer assassinato por um agente governamental, diretamente ou indiretamente, ou ser morto com a conivência do governo. Porém, foi contabilizado apenas quando o número de mortos ultrapassa a casa das 1.000 pessoas, exceto execuções, que são consideradas atos criminais (assassinato, estupro, espionagem, traição etc...). Estas mortes são tratadas aparte da jornada de ações e campanhas militares, ou como parte de algum conflito. Por exemplo, os Judeus que Hitler devastou durante a Segunda Guerra Mundial seriam contabilizadas porque foram sistematicamente mortos e sem nenhuma relação com o conflito da Segunda Guerra Mundial.

Os totais da tabela são baseados num levantamento nação à nação e são absolutamentos as estimativas mais baixas possíveis, o que pode menosprezar por mais ou menos 10% ou até mais o valor real. Mesmo assim, essa estimativa não leva em consideração as penúrias de 1921-1922 e 1958-1961 da União Soviética e da China que causaram 4 milhões e 27 milhões de mortes cada uma. A penúria soviética foi causada principalmente pela imposição de um política econômica agricultural, confiscações forçadas de comida e campanhas de liquidações dos Chekas; a chinesa foi causada inteiramente pela destrutiva política do Mao conhecida como o "Grande Salto para Frente" e sua estratégia de coletivização.

Apesar disso, a tabela 1 inclui a fome generalizada planejada e administrada pelo governo Soviético na Ucrânia em 1932 como uma forma de quebrar a oposição e destruir o coletivismo Ucraniâno. Como aproximadamente uns 10 milhões de pessoas morreram de fome ou morreram por doenças relacionadas a fome, eu estimo que 8 milhões de pessoas morreram neste caso. Se tivessem sidos todos mortas com um tiro, o governo Soviético não poderia ter sido mais responsável moralmente pela tragédia.

A tabela lista 831 mil pessoas mortas pelas democracias livres, o que deve alarmar a maioria dos leitores. Essa estimativa envolve o massacre Francês na Algeria antes e durante a Guerra da Algéria (no mínimo 36 mil mortos) e todos aqueles mortos depois de terem sido repatriados para os Soviéticos pela Aliança Democrática durante e depois da Segunda Guerra Mundial.

É revoltante saber que por diversas vezes - e até mesmo ultrapassando o zelo pelo Acordo de Yalta assinado por Stalin - Churchill e Roosevelt, a Aliança Democrata, particularmente a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, devolveram aos Soviéticos mais de 2.250.000 cidadões, prisioneiros de guerra e exilados Russos (que não eram cidadões Soviéticos) encontrados nas zonas da Aliança por toda a Europa. A maioria dessas pessoas estava aterrorizada com as consequencias de ser repatriado e se recusou a cooperar; normalmente a família por completa comitia suicídio. Dos repatriados, estima-se que 795.000 foram executados ou morreram em campos de trabalho forçado (escravidão) ou a caminho deles.

Se um governo deve ser responsável pelos seus prisioneiros que morreram sendo carregados ou em campos de escravidão, certamente os governos democráticos que jogaram pessoas indefesas nas mãos de ditadores totalitários e que conhecia o perigo disto, devem ser responsabilizados por estes atos.

Sobre as estatísticas de mortalidade que são mostradas nesta tabela, é realmente triste que centenas de milhares de pessoas possam ser mortas pelos governos sem que seja gerado nem um murmurinho sequer, enquanto uma guerra que mata algumas milhares de pessoas cause um imediato clamor mundial e uma reação global. Contraste a atenção internacional para a relativamente pequena guerra nas Ilhas Falkland entre Inglaterra e Argentina com a total falta de interesse: no assassinato dos Burundis; ou com o interesse na morte de mais de 100.000 Hutus em 1972; ou então com o interesse da Indonésia massacrando 600.000 comunistas em 1965; ou então do Paquistão, em um bem planejado massacre, matando algo entre um e três milhoes de Bengalês em 1971.

Um exemplo digno de nota e muito mais sensível desta hipocrisia é a Guerra do Vietnã. A comunidade internacional ficou indignada com a tentativa Americana de prevenir que o Vietnã do Norte tomasse controle do Vietnã do Sul e depois do Laos e da Cambódia. "Pare a Matança" era o grito. A pressão da oposição, tanto interna quanto externa (em relação aos EUA), forçou a retirada das tropas Americanas. A quantidade de mortos na Guerra do Vietnã, nos dois lados, foi de mais ou menos 1.216.000 pessoas.


Com a subsequente recusa dos Estados Unidos de ajudar, mesmo modestamente, o Vietnã do Sul foi derrotado militarmente e totalmente engolido pelo Vietnã do Norte; a Cambódia foi tomada pelos comunistas do Khrmer Vermelho, que tentando recriar um comunismo primitivo sobre uma sociedade agrária dilaceraram algo entre um e três milhões de Cambojanos. Se pegarmos a média de 2.000.000 como a melhor estimativa, então em quatro anos o governo deste pequena nação de sete milhões de pessoas, sozinho matou 164% o que a guerra de dez anos no Vietnã matou.
No geral, a melhor estimativa dos mortos depois da Guerra do Vietnã pelos comunistas somando o Vietnã, Laos e Camboja é de 2.270.000. Ou seja, totalizando o dobro dos que morreram na Guerra do Vietnã, porém a matança comunista ainda continua.


Para ver esta hipocrisia por uma outra perspectiva, ambas Guerras Mundiais custaram vinte e quatro milhões de vidas em batalha. Porém, entre 1918 e 1953, o governo Soviético executou, dilacerou, esfomiou, torturou até a morte ou matou de forma geral 39.500.00 pessoas do seu próprio povo (minha melhor estimativa entre 20 milhões mortos somente pelo Stalin até um total de 83 milhões por todo o período comunista). Para a China sob o comando de Mao Tse-Tung, o governo comunista eliminou, mais ou menos 45.000.000 de chineses. O número de apenas estas duas nações é mais ou menos 84.500.000 de seres humanos, ou 352% mais mortes do que as duas Guerras Mundiais juntas. Ainda assim, têm os intelectuais pelo mundo mostrado o mesmo horror, a mesma raiva, a mesma quantidade torrencial de escritos pacifistas contra os mega-assassinos governos da União Soviética e da China?

Como pode ser visto na Tabela 1, governos comunistas são, em geral, quatro vezes mais letais para seus cidadões do que governos não comunistas, e numa relação per capita são praticamente duas vezes mais letais (mesmo considerando as imensas populações da Rússia e da China).
Porém, mesmo sendo enorme taxa per capita dos países comunistas, ela fica muito próxima de outros governos não-livres. Isso se deve ao fato dos massacres e da matança generalizada no pequeno país do Timer Leste, onde desde de 1975 a Indonésia eliminou (além da guerrilha e sua violência associada) mais ou menos 100.000 Timerenses, numa população de apenas 600.000 pessoas. Retirando apenas este pequeno país a taxa dos países não-livres e não-comunistas cai para 397 por 10.000, ou seja, muito menos do que os 477 por 10.000 dos governos comunistas.
Em todo caso, ainda podemos ver pela tabela que quanto mais livre é uma nação, menos pessoas são mortas pelo governo. As liberdades previnem o uso do poder pela elite governamental para aspirar suas políticas e garantir seu comando.


Este princípio aparamente foi violado nos dois casos supra-citados. Um foi o governo Francês que causou uma matança generalizada na sua colonia Algéria, onde comparados com os franceses, os algerianos eram cidadões de segunda classe, sem direito de voto nas eleições fancesas. No outro caso a Aliança Democrática durante e depois da segunda guerra mundial, de maneira secreta, devolveu diversos estrangeiros para os governos comunistas. Estes estrangeiros, claro, por serem estrangeiros não tinham nenhum direito como cidadões que os protegiam nas democracias. Porém não encontrei nenhum caso de governos democráticos que praticaram massacres, genocídios ou execuções em massa dos seus próprios cidadões; nem encontrei nenhum caso de uma política governamental que tenha causado de maneira conhecida e direta a more em larga escala da população por privação, tortura, espancamento etc...

Absolutismo não é somente muito mais mortal que guerras, como é a maior causa de guerras e outras formas de conflitos. É a maior causa da corrida armamentista. Na verdade, absolutismo, e não guerra, é o flagelo mais mortal criados pela humanidade.
Sabendo disto, a corrida e o estímulo por liberdades civis e direitos políticos de maneira pacífica e sem violência deve ser o nosso maior objetivo. Não somente pela maior felicidade, não somente para obedecer o imperativo moral dos direitos individuais, não somente pela superior eficiência e produtividade de uma sociedade livre, porém também e principalmente para preserver a paz e a vida.
TABELA 1

domingo, 30 de outubro de 2011

O homem da KGB

By Ion Mihai Pacepa
The Wall Street Journal, Segunda-Feira, 22 de Setembro de 2003

http://online.wsj.com/article_email/SB106419296113226300-H9jeoNjlaZ2nJ2oZnyIaaeBm4.html

O governo de Israel votou para expulsar Yasser Arafat, chamando-o de obstáculo para a paz. Porém, o velho líder palestino de 72 anos é muito mais do que isso; ele é um terrorista de carteira assinada, treinado, armado e financiado pela União Soviética e seus satélites por décadas.

Antes de eu deserdar da Romênia para a América, deixando meu cargo de chefe da inteligência Romena, fui o responsável por dar ao Arafat, todo santo mês por toda a década de 70, uma quantia em torno de $200,000. 00 em dinheiro lavado. Também enviei dois aviões de carga carregados com uniformes e suplementos por semana para Beirute. Outros blocos soviéticos também faziam o mesmo. Terrorismo tem sido extremamente lucrativo para Arafat. De acordo com a revista Forbes, hoje ele é o sexto mais rico do mundo na categoria "Reis, Rainhas e Déspotas", com mais de 300 milhões de dólares nos bancos suíços.

"Eu inventei o sequestro de aviões de passageiros", se gabava Arafat quando eu o encontrei pela primeira vez no quartel da PLO (Organização pela Libertação da Palestina – Palestine Liberation Organization) no início da década de 1970. Ele gesticulava em direção a uma pequena bandeira vermelha presa a um mapa-múndi preso numa parede que continha Israel nomeada como Palestina. "Ali estão todos eles" me disse de maneira orgulhosa. A dúbia honra de sequestrar aviões, na verdade, vai para KGB que primeiro sequestrou um avião de passageiros dos EUA em 1960 para Cuba. A inovação de Arafat foi transformar o avião sequestrado numa bomba suicida, um conceito de terror que culminou nos atentados de 11/9.

Em 1972, o Kremlin elevou a prioridade do Arafat e da sua rede de terror na lista de prioridade, incluindo a minha lista. A tarefa de Bucareste era de integrá-lo com a Casa Branca. Nós éramos o bloco com maior experiência nisso. Nós já tínhamos grandes sucessos em fazer Washington - assim como os acadêmicos esquerdistas da moda - acreditarem que Nicolae Ceausescu era, como Josip Broz Tito, um comunista "independente" e "moderado".


O chefe da KGB, Yuri Andropov, em fevereiro de 1972 riu sobre o gosto dos Yankees com celebridades. Nós transcendemos os cultos Stalinistas de personalidade , mas aqueles americanos loucos ainda eram iniciantes o suficiente para reverenciar líderes nacionais. Nós transformaríamos Arafat numa figura central e gradualmente moveríamos a PLO cada vez mais para perto do poder e do Estado. Andropov achava que o Vietnã - o desgaste da guerra faria que os Americanos aceitassem o menor dos sinais de conciliação para promover Arafat de terrorista para um homem de Estado na esperança pela paz.

Logo após aquela reunião, eu recebi a ficha pessoal que a KGB fez do Arafat. Ela era um burguês egípcio que se tornou um devoto marxista pela inteligência da KGB. A KGB o treinou na escola de operações especiais da Balashikha (ao leste de Moscou) e no meio da década de 1960 decidiu treiná-lo como o futuro líder da PLO. Primeiro, a KGB destruiu todos os documentos oficiais sobre o nascimento de Arafat em Cairo, os substituindo por documentos fictícios de que ele teria nascido em Jerusalém e portanto era um palestino por nascimento.

O departamento de desinformação da KGB então trabalhou no tratado do Arafat chamado "Falastinuna" (Nossa Palestina), originalmente com quatro páginas, transformando-o numa revista mensal de 48 páginas para a organização terrorista palestina Al-Fatah. Arafat tem chefiado a Al-Fatah desde 1957. A KGB distribuiu esta revista pelo mundo árabe e pela Alemanha Oriental, que naquela época abrigava diversos estudantes palestinos. A KGB era adepta a publicar e distribuir revistas; ela tinha diversos periódicos similares em várias línguas para suas organizações principais na Europa ocidental, como a "World Peace Council" e a "World Federation of Trade Unions".

Depois, a KGB deu a Arafat uma ideologia e uma imagem, assim como fez com as organizações comunistas internacionais que eram julgadas leais. Um elevado idealismo não agradava as massas no mundo árabe, por isso a KGB moldou Arafat como um intenso antissemita. Eles também selecionaram um herói pessoal para o Arafat - o grande Mufti Haj Amin Al-Husseini, o homem que visitou Auschwitz no final da década de 1930 e reprovou os alemães por terem matado poucos judeus. Em 1985 Arafat pagou uma homenagem ao Mufti, dizendo que era um orgulho sem fim seguir os passos do Mufti.

Arafat é uma importante cobertura para as operações da KGB. Logo após a Guerra dos Seis Dias em 1967 entre os árabes e Israel, Moscou agendou uma reunião com o chefe da PLO. O líder egípcio Gamal Abdel Nasser, uma marionete soviética, foi quem marcou esta reunião. Em 1969, a KGB pediu que Arafat declarasse guerra contra o imperialismo-sionista americano durante o primeiro encontro Black Terrorist International, uma organização neofacista e pró-palestina financiada pela KGB e por Moammar Gadhafi da Líbia. Arafat, mais tarde proclamou que ele inventou a guerra contra o imperialismo-sionista. Na verdade, imperialismo-sionista foi uma invenção de Moscou, uma adaptação moderna dos "Protocolos dos Sábios de Sion", uma ferramenta de longa data da inteligência Russa para espalhar ódio étnico. A KGB sempre utilizou antissemitismo e anti-imperialismo como uma rica fonte de antiamericanismo.

O arquivo da KGB sobre o Arafat continha também que no mundo árabe, somente pessoas com extraordinário talento para enganar poderiam alcançar um alto status. Nós romenos éramos direcionados a ajudar o Arafat a melhorar "seu extraordinário talento em enganar”. O chefe da inteligência estrangeira da KGB, General Aleksandr Sakharosvy, nos ordenou que encobríssemos as operações terroristas do Arafat, enquanto ao mesmo tempo construíssemos sua imagem internacional. "Arafat é um grande estadista", sua carta concluía, "e nós devemos utilizá-lo bem". Em março de 1978 eu secretamente trouxe Arafat para Bucareste para umas instruções finais de como se comportar em Washington. "Você simplesmente deve continuar fingindo que vai quebraras relações com os terroristas e que vai reconhecer Israel -- de novo, de novo e de novo..." Ceausescu lhe disse pela enésima vez. Ceausescu ficou eufórico ao falar que tanto ele quanto Arafat poderiam ganhar o Prêmio Nobel da Paz com suas falsas imagens.

Em abril de 1978 eu acompanhei Ceausescu até Washington, onde encontramos com o presidente Carter. Arafat, ele encorajou, transformaria sua brutal PLO em um reino das leis e numa espécie de governo-em-exílio se os EUA conseguissem estabelecer relações oficiais com Arafat. A reunião fui um tremendo sucesso para nós. Carter cumprimentou Ceausescu, ditador do estado policial mais repressivo do Leste Europeu, de "um grande líder nacional e internacional" que tinha "pego o papel de líder em toda comunidade internacional". Triunfante, Ceausescu trouxe para casa um comunicado que o presidente americano atestava que a relação amistosa com Ceausescu servia a "causa do mundo".

Três meses depois eu fui agraciado com o asilo político pelos EUA. Ceausescu falhou em conseguir o seu Nobel da Paz. Porém em 1994, Arafat conseguiu o dele - tudo porque ele continuou fazendo o papel que lhe tinham dado com perfeição. Ele transformou sua organização terrorista numa espécie de governo-em-exílio (a Autoridade Palestina), sempre fingindo que iria fazer o chamado para o fim do terrorismo palestino enquanto o deixava rolar solto. Dois anos após assinar o Acordo de Oslo, o número de israelenses mortos por palestinos aumentou em 73%.

Em 23 de outubro de 1998, o presidente Clinton concluiu suas observações públicas sobre Arafat o agradecendo por "décadas e décadas e décadas pelo trabalho sem descanso da longa caminhada dos palestinos para serem um povo livre, autossuficiente e possuir uma casa". A administração atual compreende a charada que é o Arafat, mas não irão publicamente apoiar sua expulsão. Enquanto isso, os terroristas consolidaram seu comando na Autoridade Palestina e recrutaram jovens seguidores para mais ataques suicidas.

O Senhor Pacepa foi o maior oficial de inteligência que desertou do bloco Soviético. Ele é autor do livro "Red Horizons" (1987 ).