"Uma revolução pedagógica baseada nos resultados da pesquisa psicopedagógica está em curso no mundo inteiro. [...] Essa revolução pedagógica visa a impor uma “ética voltada para a criação de uma nova sociedade” [...] A nova ética não é outra coisa senão uma sofisticada reapresentação da utopia comunista. [...] sob o manto da ética, e sustentada por uma retórica e por uma dialética frequentemente notáveis, encontra-se a ideologia comunista, da qual apenas a aparência e os modos de ação foram modificados."
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Trechos do Capítulo 3
Em 1964, a Unesco publicou um importante trabalho, intitulado \"A modificação das atitudes\". Em princípio, tal obra trata das atitudes intergrupos – raciais, religiosas e étnicas –, mas as técnicas ali descritas [...] são perfeitamente aplicáveis a vários outros domínios, como o autor mesmo reconhece.
A extensão do campo de aplicação dessas técnicas de manipulação psicológica, que atualmente abrange o sistema educacional francês, justifica a importância que damos a tal obra.
Ademais, a filosofia política claramente manipulatória que fundamenta tais práticas pressupõe um desprezo absoluto pela liberdade e dignidade humanas e pela democracia. Ver-se-á que o autor visa explicitamente à difusão das técnicas de manipulação psicológica nas escolas.
Compreende-se facilmente, portanto, a aversão manifestada por muitos daqueles quem veem o nosso sistema educacional ser invadido pelas psicopedagogias: uma mudança de valores constitui uma revolução – psicológica – muito mais profunda que uma revolução social.
Notemos, contudo, para restabelecer a verdade, que não é um aumento da educação que leva ao mundialismo, ao materialismo e à permissividade – o que conduz a isso é um aumento da educação revolucionária. Teria esquecido o autor que os séculos passados puderam contar com homens eruditos, cuja cultura, essa sim autêntica, nada tinha que invejar às produções de Jack Lang?
Resumo do documento "E.E. Davis, La modification des attitudes, Rapport et documents de sciences sociales, n° 19, Paris, Unesco, 1964.\"
No que concerne à formação e à modificação das atitudes da sociedade em geral, os corolários dos resultados acima mencionados são evidentes (página 24).
Os corolários desses resultados, para a modificação das atitudes no plano da vida da social, são evidentes (p. 40).
Podemos portanto concluir que, incontestavelmente, possuímos conhecimentos cuja aplicação generalizada nos permite atingir nossos objetivos, a saber:
- aperfeiçoar as atitudes intergrupos e as relações entre grupos.
Evidentemente, a questão que se coloca é a de saber como se podem aplicar esses métodos em larga escala.
Esse processo não se dará sem dificuldades, mas tais dificuldades não são insuperáveis (páginas 48-49).
Os estudos orientados para a comunidade, os quais levam em conta esse fato [a tendência à conformidade aos costumes estabelecidos], visam à “reconversão”, em certo sentido, de comunidades inteiras, nas quais é necessária a modificação das normas e das práticas estabelecidas, a fim de aperfeiçoar as atitudes intergrupos e de colocar todos os grupos em pé de igualdade. Para tanto, faz-se necessário apelar ao auxílio de políticos, de líderes comunitários, de emissoras de rádio, da imprensa local e de outros “formadores de opinião”, a fim de provocar as mudanças na comunidade inteira (p. 55).
Entre as teorias relativamente recentes que têm estimulado as pesquisas, encontra-se a da “dissonância cognitiva”, de Festinger (1957) (p.39).
Um dos corolários da teoria de Festinger é o fato de que uma declaração ou ação públicas em desacordo com a opinião privada do sujeito podem gerar nele uma dissonância cognitiva e, assim, em diversos casos, acarretar uma modificação de atitude.
Outras provas dessa resistência [a se deixar influenciar pelos métodos de introspecção] foram apresentadas por Culbertson (1955). Esse autor descobriu que o psicodrama constitui um meio geralmente mais eficaz para modificar tais atitudes.
[...] o processo educacional não consiste apenas na transmissão de informações.
Na medida em que o grupo de pares representa para a criança um quadro de referência, ele contribui em larga medida para a modificação das atitudes sociais (p. 45).
A conclusão que se pode tirar desses estudos é que, mesmo que as atitudes intergrupos negativas se formem, frequentemente mediante a adoção da norma da célula familiar, grupo primário – e os programas de ação bem poderiam levar em conta os pais, enquanto agentes de modificação de atitudes –, ainda assim não devemos nos deixar desencorajar por tais dificuldades.
Os grupos de pares, sobretudo aqueles que se formam no âmbito da escola ou da universidade, podem muito bem tornar-se grupos de referência e promover um efeito positivo sobre a modificação das atitudes, contribuindo dessa forma a dirimir o “atraso cultural”.
No que concerne às relações entre pais e filhos, encontramo-nos diante do seguinte problema: para conduzir as crianças de modo a aperfeiçoar as relações entre grupos, necessário seria começar pela modificação de seus pais (p. 45).
Não de modestos acréscimos ao nosso atual programa de ensino, mas sim de transformações profundas em nosso plano de estudos, em nosso modo de seleção de professores e em toda nossa concepção de ensino público.
Devemos refletir sobre a necessidade, para todos os dirigentes da área da educação, de uma reorientação e de competências de ordem política” (p. 47).
Sem dúvida, é dificilmente imaginável que uma só pessoa ou mesmo um pequeno grupo de pessoas possa mudar completamente, do dia para a noite, uma sociedade moderna, de estrutura democrática e pluralista.
Por outro lado, não é improvável que, mediante esforços concretos e com a aplicação de conhecimentos modernos, grupos de indivíduos possam acelerar a evolução social de maneira a redimir certos “atrasos culturais”, nem se pode dizer que tais grupos não devam empreender tal ação (p. 57).
Porém, se consideramos os meios de informação, sob um ângulo mais vasto, como instrumentos que permitem à sociedade modificar as atitudes dos indivíduos num sentido desejado, importa examinar a questão relativa à intenção que orienta o emprego dos meios de comunicação; dito de outra forma: trata-se de saber quem dispõe desses meios. Evidentemente, essa questão é bastante delicada, e traz consigo importantes implicações políticas, que não iremos ponderar aqui. De qualquer modo, cabe-nos observar que tal questão não pode ser negligenciada indefinidamente (p. 59).
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